São Paulo — Dois homens não identificados foram mortos por policiais militares na noite dessa quinta-feira (14/3) na Vila dos Criadores, na zona noroeste de Santos, no litoral paulista. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, eles teriam atirado contra os PMs.
No registro da ocorrência, policiais militares afirmam que duas equipes foram até a rua Aurélio Batista Félix, próximo a um lixão, por volta das 18h30 para averiguar uma denúncia de tráfico de drogas. Segundo o relato, os suspeitos estavam escondidos em um matagal e teriam atirado contra os agentes.
Diante do revide dos PMs, os homens teriam corrido enquanto disparavam na direção dos policiais, até serem baleados e caírem. O Samu foi acionado e constatou a morte deles no local.
Segundo a polícia, os suspeitos estavam com duas pistolas, além de porções de maconha, cocaína e crack, além de uma balança de precisão e uma quantia em dinheiro. Os objetos foram apreendidos. O caso foi registrado na Central de Polícia Judiciária de Santos como tentativa de homicídio e morte decorrente de intervenção policial. O registro da ocorrência não informa o batalhão ao qual pertenciam os agentes envolvidos na ocorrência.
O Metrópoles ouviu relatos de moradores da Vila dos Criadores sobre sons de disparos durante a noite. Eles, no entanto, afirmam que não conheciam os homens mortos e suspeitam que os suspeitos não sejam da comunidade.
Em 3 fevereiro, primeiro dia da 3ª Fase da Operação Verão, outras três pessoas que também não foram identificadas foram mortas pela Polícia Militar na Vila dos Criadores.
Mortes no litoral
Com a ocorrência dessa quinta-feira (14/3), chega a 47 o número de mortes em ações policiais na Baixada Santista desde o início da Operação Verão III, diante de inúmeras denúncias abusos por parte de policiais, execuções sumárias e tortura.
Na semana passada, foram coletados novos relatos de abusos cometidos pelas forças de segurança do estado. Além das execuções, moradores de comunidades que são alvo da Operação Verão apontaram invasão de velório, intimidação e pessoas já mortas sendo levadas para suposto socorro em unidades de saúde como se estivessem vivas — isso dificultaria o trabalho de perícia no local dos supostos confrontos.
Na última sexta-feira (8/3), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi denunciado ao Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). Como resposta, ele disse que não está “nem aí“. “Sinceramente, nós temos muita tranquilidade em relação ao que está sendo feito. E aí, o pessoal pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, e eu não estou nem aí”, disse Tarcísio.