Lula poderia ajudar o Brasil a relembrar o golpe de 64 e os 21 anos de uma ditadura atroz para que nada disso jamais se repita. Mas o Brasil será capaz de relembrar a infâmia sem a ajuda de Lula.
Ora, muitos dirão: melhor que Lula enfie a cabeça no buraco, finja que o aniversário de 60 anos do golpe não tem importância alguma, porque os militares ainda estão furiosos com o que se passa.
Passa-se que eles, nos últimos quatro anos, apoiaram com fervor um capitão inativo que o Exército afastou dos seus quadros por má conduta na década de 1980, e ainda tentaram reelegê-lo.
Não bastasse, nunca o desautorizam a dar os golpes que planejou; a certa altura o estimularam. Por conta disso, muitos deles estão sendo investigados e sujeitos a serem condenados e presos.
É no momento de maior fraqueza da farda que Lula se associa a ela, ao invés de avançar na direção de subordinar as Forças Armadas ao poder civil, como manda a Constituição, e não o contrário.
Lula pede para não remoermos os dias 31 de março e 1 de abril de 64, nem os seguintes até o fim da ditadura. Mas não quer que esqueçamos o 8 de janeiro de 2023, dia do malsucedido golpe bolsonarista.
Não faz sentido. Nada de passar borracha em coisa alguma. O futuro depende da compreensão do passado.