São Paulo – Integrantes do alto escalão do Primeiro Comando da Capital (PCC) pesquisaram os endereços das residências oficiais dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), para realizar uma “missão” no Distrito Federal.
O levantamento dos endereços de Lira e Pacheco foi feito pela Sintonia Restrita, o setor de inteligência do PCC responsável por monitorar autoridades e planejar atentados. Essa é a célula ligada ao plano de sequestrar e atacar o senador Sergio Moro (União-PR) e a família dele.
O interesse do PCC em mapear os endereços dos presidentes do Legislativo consta em relatórios de inteligência da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público de São Paulo (MPSP). A informação foi revelada pela Folha de S. Paulo e confirmada pelo Metrópoles.
Segundo os documentos, o plano era coordenado por Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, acusado de ser o chefe da Sintonia Restrita, que está preso desde abril em São Paulo.
Missão do PCC
A consulta aos endereços de Lira e Pacheco aconteceu em novembro de 2022, de acordo com os relatórios. Elas foram descobertas após a quebra de sigilo de celulares apreendidos na operação da PF que desarticulou o plano de atentado contra Moro.
Ainda segundo os relatórios, os integrantes do PCC fizeram pesquisa em site de aluguel sobre imóveis na “Península dos Ministros”, no Lago Sul, em Brasília.
“Houve determinação da cúpula para que esse setor realizasse esses levantamentos das referidas autoridades da República”, afirma o MPSP, no documento.
O MPSP também diz que prestações de contas do PCC relativas aos meses de maio, junho e julho – já após a prisão de Nefo – demonstram que a Sintonia Restrita “estaria com uma missão no Distrito Federal”. O suposto plano, entretanto, não é detalhado nos relatórios.
Segundo a promotoria, integrantes da célula chegaram a alugar um imóvel pelo valor de R$ 2,5 mil por mês, para servir como “base de apoio”. “Além disso, uma anotação do dia 29/5/2023 demonstra gastos com o aplicativo Uber durante 15 dias para ‘correr atrás de terreno para compra’”.
Sintonia Restrita
A Sintonia Restrita do PCC foi criada para atuar em “situações diferenciadas, de alto grau de sigilo e risco”, de acordo com o MPSP. Em geral, as ações recebem aval de chefões foragidos ou presos no sistema penitenciário federal.
“Importante destacar que esse núcleo da organização criminosa desenvolveu atividades completas, pois tinha autonomia e se reportava as lideranças do PCC no exterior”, diz a PF.
Além de autoridades, servidores graduados também ficam sob a mira do grupo criminoso. Os alvos mais comuns são funcionários públicos que atuam em presídios federais.
Recentemente, foram descobertos planos de ataques em Cascavel (PR), Curitiba (PR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).