Com base nos dados setoriais disponíveis e nas perspectivas macroeconômicas para o próximo ano, a indústria eletroeletrônica espera faturar R$ 208,393 bilhões em 2024. Se a expectativa for confirmada, o setor experimentará um crescimento de 2% das suas receitas em relação às registradas em 2023, quando o faturamento deste segmento da indústria deverá fechar em R$ 204,282 bilhões, mostrando uma queda de 6% relativamente aos R$ 218,226 bilhões contabilizados em 2022.
Os dados são da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), que nesta quinta-feira, 7, recebeu jornalistas para sua tradicional entrevista coletiva de fim de ano para fazer o balanço do ano e as expectativas para 2024.
Sobre 2023, de acordo com a Abinee, o desempenho da indústria eletroeletrônica ficará abaixo do esperado porque neste mesmo período de 2022 a expectativa era de que neste ano o setor fosse crescer 5%. Ocorre é que o empresário da indústria eletroeletrônica mostrou-se cauteloso durante o ano com as incertezas tanto com o cenário interno quanto com o externo, o que inibiu os negócios e os investimentos.
Essa prudência também pode ser observada no comportamento do Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) do Setor Eletroeletrônico, divulgado pela CNI e agregado pela Abinee, que se manteve próximo da linha divisória de 50 pontos, que separa a confiança da falta de confiança, durante todo o ano.
Vale destacar que esse índice ficou abaixo desta linha divisória em alguns momentos deste ano, inclusive no último indicador divulgado pela CNI referente ao mês de novembro de 2023, em que o ICEI do setor registrou 48,6 pontos, indicando falta de confiança do empresário.
Essa cautela levou ao recuo do o número de empregados do setor, estimado em 267,3 mil para 263,3 mil funcionários, numa redução prevista de 4 mil postos de trabalho. A utilização da capacidade instalada deverá passar de 76% em dezembro de 2022 para 72% no final de 2023.
Este foi, segundo o presidente da Abinee, o menor porcentual registrado desde junho de 2020, de 68%. Por outro lado, as exportações de produtos eletroeletrônicos deverão aumentar 7%, totalizando US$ 7,2 bilhões, contribuindo com o desempenho do setor.
Para 2024, apesar das expectativas de melhora no desempenho da indústria eletroeletrônica, permanecem as incertezas em relação ao cenário interno e internacional, o que deverá manter os empresários cautelosos.
Existem alguns fatores que estão gerando expectativas favoráveis para o próximo ano, com destaque para a reforma tributária, muito esperada pelos empresários do setor, que deverá aumentar a competitividade da indústria, reduzindo a complexidade do sistema tributário do país e desonerando as exportações e os investimentos.
Além disso, a Política Nacional de Semicondutores e a construção de uma política de neoindustrialização, em discussão no Poder Executivo, também podem trazer perspectivas positivas para o setor.
De acordo com os dados da sondagem consolidada pela Abinee, 64% das empresas do setor projetam crescimento para as vendas da indústria eletroeletrônica para o ano 2024, 33% esperam estabilidade e 3% estão prevendo queda. Este levantamento também mostrou que 78% das entrevistadas têm a intenção de investir em 2024. Mas mesmo assim, o ano de 2024 será um ano com muitos desafios.
Os indicadores econômicos, conforme projeções da Abinee, mostram um cenário de incertezas, com crescimento do PIB mais modesto, por volta de 1,5%. Dessa forma, os principais indicadores da indústria eletroeletrônica também deverão registrar incrementos mais discretos, confirmando a previsão de apenas 2% do faturamento em relação a 2023.