A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente da Funai Marcelo Xavier por dolo eventual nas mortes do jornalista britânico Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira.
No entendimento da corporação, ele tinha ciência das ameaças que os dois sofriam e do risco que corriam, mas optou por não tomar providências. Pelo mesmo motivo, também foi indiciado Alcir Amaral Teixeira, apontado como braço-direito de Xavier e que chegou a ocupar o posto de vice-presidente da Funai.
De acordo com as investigações, os ex-dirigentes tomaram conhecimento, em reunião da Funai realizada no dia 09 de outubro de 2019 e por meio de outros documentos, sobre o risco de vida dos servidores do órgão e não tomaram as medidas necessárias para a proteção dos funcionários.
Desta forma, eles teriam assumido o risco do resultado de suas omissões, que culminou no duplo-homicídio.
O indiciamento cita como Bruno e Dom eram alvos de diversas ameaças e narra ainda como Marcelo Xavier e Alcir Teixeira atuaram no “desmonte” da estrutura da Funai.
A CNN tenta contato com as defesas de Marcelo Xavier e Alcir Teixeira e atualizará o texto quando tiver retorno.
O indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips desapareceram em junho de 2022 na região do Vale do Javari, no Amazonas.
Após dias de buscas, os corpos foram encontrados, no dia 15 de junho, e depois identificados, nos dias 17 e 18. De acordo com a perícia realizada, Bruno e Dom foram assassinados com armas de caça.
Após as reconstituições e investigações do caso, a Polícia Federal afirmou que o traficante Rubens Villar, conhecido como “Colômbia”, foi o mandante dos assassinatos.
Foram indiciados Amarildo da Costa de Oliveira, Oseney da Costa de Oliveira e Jefferson da Silva Lima pelas mortes do indigenista e do jornalista, após denúncia do MPF em junho de 2022, e que agora segue na justiça.
Segundo o MPF, Amarildo e Jefferson confessaram o crime, enquanto depoimentos das testemunhas confirmaram a participação de Oseney.
“Com vontade e consciência dos fatos, mataram, por motivo fútil, mediante emboscada e recurso que dificultou a defesa do ofendido”, consta a denúncia. Ainda segundo o documento, Bruno Pereira teria abordado Amarildo, o “Pelado”, por pesca ilegal dentro de território indígena.
“Os elementos colhidos no curso das apurações apontam que, de fato, o homicídio de Bruno teria correlação com suas atividades em defesa da coletividade indígena. Dom, por sua vez, foi executado para garantir a ocultação e impunidade do crime cometido contra Bruno”, escreveu o órgão.