São Paulo – Em meio ao aumento no número de assaltos e de estupros, moradores e comerciantes do litoral paulista temem que os recentes casos de violência prejudiquem o turismo neste verão.
A expectativa é a de que ao menos 1,4 milhão de carros desçam a serra e levem turistas à região só no Réveillon. Para reforçar a segurança no litoral, o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou o reforço de mais de 3 mil policiais, que estão destacados desde o dia 18, na chamada Operação Verão.
O aumento do policiamento também é uma tentativa de frear a alta da criminalidade constatada pelos dados oficiais neste ano. Segundo estatísticas da Secretaria da Segurança Pública (SSP), os roubos saltaram de 11.106 casos, em 2022, para 12.911, em 2023, no litoral – uma alta de 16%. Furtos (5,2%) e estupros (8,3%) também subiram.
Um dos episódios que causa preocupação aconteceu no dia 16 e foi flagrado por câmeras (veja abaixo). Na ocasião, um grupo de bandidos aproveitou o tráfego parado e fez mais um arrastão na rodovia Cônego Domêmico Rangoni, perto da entrada para o Guarujá. Assustados, motoristas tentaram fugir pelo acostamento.
Ranking da violência
Proporcionalmente, a modalidade de crime que mais subiu no litoral foi o roubo de carga, de acordo com os dados da SSP. Foram 538 ocorrências registradas de janeiro a novembro de 2023. No ano anterior, haviam sido 196. A piora é de 174%.
Em junho, um caminhoneiro chegou a usar um extintor de incêndio para se defender de um assalto e acabou matando um dos ladrões ao atingi-lo com um golpe na cabeça. O caso aconteceu em Santos.
Neste semestre, a região da Baixada Santista também foi alvo da Operação Escudo, após a morte de um soldado da Rota, no fim de julho, que ficaria marcada pela morte de civis e por denúncias de violência policial.
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O cenário da insegurança no litoral paulista é confirmado, ainda, em pesquisa divulgada neste mês pelo Instituto Sou da Paz. Segundo o levantamento, seis das dez cidades mais violentas do estado de São Paulo ficam na região.
São elas: Peruíbe (1º), Caraguatatuba (2º), Mongaguá (3º), Ubatuba (5º), Itanhaém (7º) e Bertioga (8º). Criado pelo instituto, o Índice de Exposição aos Crimes Violentos (IECV) mede o nível de exposição das pessoas a crimes.
Para o cálculo, o Sou da Paz considera os índices de crimes letais (homicídios e latrocínios), estupros e assaltos em municípios com mais de 50 mil habitantes. Na última edição do estudo, foram usados dados de 2021 e 2022.
Impacto no turismo
Morador do litoral, o policial civil Sílvio César Oliveira afirma que, na prática, as ocorrências não seriam tão sentidas pela população local, mas os relatos dos casos podem “gerar preocupação” em turistas.
“Essa informação prejudica o comércio local, que depende bastante desse período movimentado”, diz o investigador.
Presidente da União dos Vereadores da Baixada Santista (Uvebs), Fábio Bibão diz que as cidades do litoral têm sido “pintadas” como “reduto de violência”, o que pode “influenciar profundamente aqueles que visitam o município em busca de lazer ou negócios” e “desencadear consequências severas para a economia local”.
“Imediatamente nos vem à mente um cenário onde o crime floresce sem barreiras e a sensação de proteção é praticamente inexistente. Quem vive na região sabe que a realidade não é essa”, afirmou ao Metrópoles.
Operação Verão
Neste mês, o governo Tarcísio lançou a Operação Verão 2023/2024, que ocorre em 16 cidades do litoral sul e norte.
Ao todo, 3.108 policiais militares reforçam as atividades de policiamento na região, divididas em duas etapas — entre 18 de dezembro e 5 de fevereiro e entre 6 de fevereiro e 23 do mesmo mês.
Como mostrado pelo Metrópoles, a Ecovias prevê que entre 480 mil e 740 mil veículos passem pelo sistema Anchieta-Imigrantes, que levam às praias da Baixada Santista, até a segunda-feira (1º/1), no feriado de Ano Novo. Por causa do volume de tráfego, as duas rodovias terão Operação Descida na maior parte da semana.
A concessionária Ecopistas prevê que quase 900 mil veículos devam passar até o dia 1º pelo Corredor Ayrton Senna/Carvalho Pinto, que levam às rodovias que dão acesso ao litoral norte de São Paulo.