Mensagens de celular extraídas do celular do ex-major Ailton Barros revelam que o general e candidato a vice-presidente em 2022, Braga Netto, xingou o então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, de “cagão”. O ministro de Jair Bolsonaro estaria irritado porque o militar não teria aderido ao discurso golpista feito naquela ocasião.
Além disso, Braga Netto também teria chamado o então comandante da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Júnior, de “traidor da pátria” pelos mesmos motivos.
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Essas mensagens são de dezembro de 2022 e foram reveladas em investigação da Polícia Federal (PF) que levou à operação deflagrada nesta quinta-feira (8/2) contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) e pessoas ligadas a ele que teriam arquitetado uma tentativa de golpe de estado.
“Cagão”
Inicialmente, em 14 de dezembro, Braga Netto enviou uma mensagem para Ailton, que seria encaminhada de um militar das Forças Especiais, criticando o general Antônio Freire Gomes, que era comandante do Exército.
“Meu amigo, infelizmente tenho que dizer que a culpa pelo que está acontecendo e acontecerá é do Gen. Freire Gomes. Omissão e indecisão não cabem a um combatente”, diz a mensagem encaminhada.
Ailton então responde: “Então vamos continuar a pressão e se isso se confirmar vamos oferecer a cabeça dele aos leões”.
Braga Netto concorda: “Oferece a cabeça dele. Cagão”.
“Traidor da pátria”
Já no dia seguinte, em 15 de dezembro, Braga Netto criticou o tenente-brigadeiro Carlos Almeida Baptista Junior, que era comandante da Aeronáutica.
“Sobre o Batista Junior: senta o pau no Batista Junior. Povo sofrendo, arbitrariedades sendo feitas e ele fechado nas mordomias. Negociando favores. Traidor da pátria. Daí para frente. Inferniza a vida dele e da família. Elogia o Garnier e fode o BJ”, escreveu Braga Netto, seguido de uma “figurinha” com a ilustração de um chicote e a frase “desce a chibata!”.
O ex-major Ailton Barros, que recebeu essas mensagens de Braga Netto, foi candidato pelo PL a deputado estadual do Rio de Janeiro em 022 e se apresentava como “01 de Bolsonaro” na campanha. Ele foi preso em maio do ano passado por suspeita de participar do esquema de adulteração de vacinas de Bolsonaro.
As mensagens vão de encontro à delação premiada do ex-chefe da ajudância de ordem de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, que informou que apenas o comandante da Marinha, Almir Garnier, é que teria concordado com o golpe.