O papel do CGE de Tarcísio na reunião de teor golpista de Bolsonaro

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São Paulo — Atual controlador-geral do Estado (CGE) na gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), Wagner Rosário (foto em destaque) era o chefe da Controladoria Geral da União (GCU) no governo de Jair Bolsonaro (PL) e foi um dos participantes da reunião com “dinâmica golpista” conduzida pelo ex-presidente em 5 de julho de 2022.

No encontro gravado, cujas imagens foram disponibilizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nessa sexta-feira (9/2), Rosário faz uma intervenção no momento em que se discutia formas de fiscalizar as urnas eletrônicas para a eleição presidencial. Apontar falhas nas urnas era um dos pontos centrais da proposta de questionar o processo eleitoral que estava em curso, de acordo com as falas da reunião.

Rosário pediu a palavra para a reunião logo após o então advogado-geral da União, Bruno Bianco, para se manifestar sobre uma fiscalização que a CGU já havia feito nas urnas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Eu recebi o último relatório de fiscalização da CGU e não tive coragem de mandar. O relatório estava horrível, uma merda. Não falava nada com nada”, disse Rosário.

Ele disse que a suposta falta de informações do relatório ocorria porque, segundo Rosário, os técnicos da CGU “não olhavam nada” sobre as urnas. “A forma como foi montada [a urna] não permite uma fiscalização propriamente dita”, afirmou o atual CGE de Tarcísio.

Desta forma, segundo Rosário continuou, seria preciso que uma força-tarefa envolvendo a CGU, a Polícia Federal e as Forças Armadas para auditar as urnas em conjunto.

“Acho que essa junção [entre] Polícia Federal, Forças Armadas e CGU, a gente tem de fazer urgente. Botar as equipes e a gente chegar em um consenso”, disse. “Aí não é mais as Forçar Armadas falando, são três instituições”, complementou. “E a gente tem de preparar para atuar em força-tarefa nesse negócio”.

Após propor o respaldo à fiscalização que vinha sendo feita pelas Forças Armadas, contudo, Rosário aparentou ter receio de que a reunião pudesse estar sendo gravada. Ele perguntou. “A reunião está sendo gravada?”

Embora ela estivesse, o então CGU foi informado que não por Bolsonaro e pelo ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto. “Eu mandei gravar a minha fala”, disse Bolsonaro.

Diante da resposta negativa, Rosário continuou sua intervenção e lembrou aos presentes que o Tribunal de Contas da União (TCU) já havia divulgado um relatório atestando a segurança das urnas eletrônicas.

Bolsonaro interviu a partir daí e não devolveu a fala a Rosário. O ex-presidente questionou então o ministro do TCU Bruno Dantas, encarregado do relatório. “Acho que não tem bobo aqui”. Bolsonaro, contudo, elogiou a proposta de força-tarefa feita por Rosário.

Tarcísio, que foi eleito em outubro com apoio de Bolsonaro, indicou Rosário para o posto no primeiro escalão paulista no começo de dezembro de 2022. Um mês antes, as Forças Armadas chegaram a divulgar um relatório sobre as urnas eletrônicas que “não excluiu a possibilidade de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas”, segundo nota do Ministério da Defesa da época.

Em nota enviada ao Metrópoles, o governo Tarcísio afirma que “tudo o que foi dito durante a reunião pelo então Controlador Geral da União, Wagner Rosário, teve como objetivo a garantia de que as eleições transcorressem com normalidade, e que houvesse fiscalização que garantisse plena segurança, transparência e confiabilidade para o processo eleitoral”. Segundo a o governo, “qualquer outra leitura acerca do que foi dito trata-se de mera ilação”.



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