O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, neste domingo (18/2), que o governo brasileiro ainda não se manifestou oficialmente sobre a morte de Alexei Navalny, o principal opositor do Kremlin, por questão de “bom senso”.
Segundo autoridades russas, a morte de Navalny, de 47 anos, ocorreu na última sexta-feira (16/2) em uma prisão no Ártico, em circunstâncias ainda não esclarecidas. Os ministros das Relações Exteriores do G7, reunidos na Conferência de Segurança de Munique neste fim de semana, pressionaram a Rússia a esclarecer a morte.
Em coletiva de imprensa em Adis Abeba, na Etiópia, neste domingo, Lula foi indagado sobre as razões de o Brasil ainda não ter se manifestado sobre a morte, ao que respondeu: “Acho que por uma questão de bom senso. Ou seja, se a morte está sob suspeita, nós temos que primeiro fazer uma investigação para saber do que o cidadão morreu”.
Em seguida, ele afirmou: “Você julga agora que foi não sei quem que mandou matar e não foi. E depois você vai pedir desculpas? Para quê essa de acusar alguém?”.
O petista ainda fez alusão ao assassinato da ex-vereadora Marielle Franco (PSol), em 2018, ainda não esclarecido. A irmã de Marielle e atual ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, integra a comitiva de Lula no roteiro pela África e estava presente na coletiva de imprensa.
Lula disse: “Você sabe há quantos anos eu estou esperando [descobrir] o mandante do crime da Marielle? Seis. E não estou com pressa de dizer quem foi, eu quero achar. Quando eu achar, eu vou dizer: Foi fulano de tal. Não quero especulação”.
Por fim, ele defendeu esperar a atuação dos médicos legistas russos no caso Navalny. “Tem que esperar a perícia para saber o seguinte: ‘Olha, esse cara teve tal coisa e morreu’. Porque senão, é banalizar uma acusação. Eu até compreendo os interesses de quem acusa imediatamente: ‘Foi fulano’. Mas não é o meu mote. Eu espero que o legista que vai fazer o exame diga do que o cidadão morreu, é só isso”.
Fim da viagem de Lula à África
Lula retorna para o Brasil neste domingo, após um roteiro de cinco dias pela África, que incluiu o Egito e a Etiópia. No sábado (18/2), ele participou da 37ª Cúpula da União Africana e hoje teve reuniões bilaterais com líderes africanos, incluindo os presidentes da Nigéria e de Moçambique. Essa foi a primeira viagem internacional deste ano.
Neste domingo, ao encerrar a viagem, o brasileiro ressaltou a importância do continente africano, ao lado da América Latina, para o desenvolvimento do que chama de “Sul Global”.
“Para mim, essa é uma das viagens mais importantes que eu fiz e certamente de todas que eu farei, essa continua sendo uma reunião extremamente importante, porque eu pude falar para quase a totalidade dos países africanos de uma única vez”, frisou Lula em balanço da viagem. Ele voltou a defender uma “relação preferencial” com o continente em razão de uma “dívida história” do Brasil.
Lula critica extrema direita e fala em “dívida histórica” com a África