Os casos de sarampo aumentaram 79% em todo mundo em 2023, em comparação a 2022, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No ano passado, foram notificados mais de 306 mil casos, com surtos em cinco das seis regiões monitoradas pela agência de saúde da ONU, com exceção apenas do continente americano.
Em uma coletiva de imprensa realizada na última terça-feira (20/2), a consultora técnica sênior sobre sarampo e rubéola da OMS, Natasha Crowcroft, afirmou que mais da metade dos países encontram-se em situação de risco alto ou muito alto de ter surtos de sarampo até o final de 2024. Natasha disse esperar também um aumento nas mortes causadas pela doença.
O Reino Unido declarou, no fim de janeiro, um alerta nacional para conter o surto de sarampo em cidades britânicas. Outros países da Europa também monitoram o aumento de casos. Em dezembro de 2023, o escritório da OMS na Europa classificou o aumento de diagnósticos no continente como “alarmante”.
Mas o Brasil, por outro lado, não registra novos casos de transmissão local da doença desde 2022, segundo o Ministério da Saúde. Essa proteção pode ser um efeito do aumento na cobertura vacinal contra o sarampo nos últimos dois anos, segundo especialistas ouvidos pelo Metrópoles.
Atualmente, 85,81% do público alvo tomou a primeira dose e 62,51%, a segunda. Mas a batalha está longe de ser considerada vencida. A meta de cobertura vacinal do Ministério da Saúde é de 95% de indivíduos vacinados.
“É um momento de atenção e de enfatizar a preocupação com o sarampo, que é uma doença muito infecciosa”, afirma a pediatra Mônica Levi, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Segundo Mônica, qualquer caso é um risco. Assim como outros vírus respiratórios, o sarampo pode entrar em qualquer localidade através de viajantes infectados e se espalhar quando encontra uma localidade com baixa cobertura vacinal. “O risco acontece por conta do descontrole do sarampo no mundo”, considera.
No entanto, um sistema de vigilância eficiente, com a detecção rápida de casos e medidas para conter o avanço do vírus, aliado a altas coberturas vacinais, pode nos colocar em uma situação mais confortável.
Em 2016, o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) o certificado de eliminação da circulação do vírus do sarampo. Mas esse título foi perdido em 2019, após um surto que levou a doença para vários estados.
Sarampo
O sarampo é uma doença extremamente contagiosa, transmitida por um vírus da família Paramyxoviridae. Estima-se que nove em cada dez pessoas que não estão protegidas serão infectadas após a exposição, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
O vírus é transmitido de pessoa para pessoa por via aérea, quando um paciente doente tosse, espirra, fala e até mesmo respira próximo a outros indivíduos.
Epidemiologistas afirmam que a pandemia da Covid-19 alavancou o risco de surtos de sarampo em todo o mundo. Milhões de doses da vacina protetora contra o sarampo deixaram de ser aplicadas nos anos em que os serviços de saúde estavam com as atenções voltadas ao controle do coronavírus.
Proteção contra o sarampo
A vacinação é o único meio para prevenir novos casos de sarampo e erradicar a doença. Ela é recomendada para crianças a partir de 1 ano até adultos de 59 e está disponível gratuitamente no Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Sistema Único de Saúde (SUS), e na rede privada.
“O sarampo é causado por um vírus com alto potencial contagioso, mas que pode ser evitado por meio da imunização, que é eficaz e segura. Por isso, é importante vacinar, principalmente, as crianças”, afirma o infectologista Claudilson Bastos, consultor técnico do Sabin Diagnóstico e Saúde.
A tríplice viral – que protege contra o sarampo, a caxumba e a rubéola – deve ser aplicada no primeiro ano de vida do bebê, com o reforço após 15 meses.
Adolescentes, adultos e idosos que não completaram o esquema vacinal ou não sabem se tomaram o imunizante também podem se vacinar para garantir a proteção.
Sintomas do sarampo
Os pais devem ficar atentos à progressão da doença porque os primeiros sintomas do sarampo são parecidos com os de um resfriado comum. As crianças podem apresentar tosse seca, coriza, mal-estar intenso, inflamação dos olhos (parecido com conjuntivite) e febre maior que 38 °C.
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Um sinal de alerta importante é o aparecimento de manchas na pele, sem secreção, entre o terceiro e quinto dias após a infecção. Segundo Bastos, as lesões surgem inicialmente no rosto e atrás das orelhas e se espalham em seguida pelo restante do corpo.
“Devemos ficar atentos após o aparecimento das manchas, porque elas podem ser acompanhadas de persistência da febre, apontando para uma possível gravidade da doença, principalmente em crianças menores de 5 anos”, acrescenta Bastos.
Alguns pacientes podem apresentar também sintomas gastrointestinais (vômito e diarreia), pneumonia viral e sintomas neurológicos, que podem evoluir para a inflamação cerebral (encefalite).
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