A cada chuva, desabamentos e apelos para uma ação efetiva do poder público. A repetição de fatos trágicos é consequência da leniência com que os sucessivos governos têm tratando as invasões. Os parlamentares, sempre à caça de votos se omitem, mas quando a tragédia chega eles apontam o dedo para o Executivo.
O Legislativo não pode ficar à margem de uma tarefa essencial: pensar o futuro de Manaus, o combate sem trégua às invasões, com a desocupação urgente das áreas de risco. Maior estrago, maior prejuízo, são vidas perdidas, desespero com o desabamento de casas construídas em áreas de aterros ou barrancos.
Mas por que a participação do Legislativo é necessária e onde se enquadra? Na elaboração de um Plano Diretor que possa de fato ser executado com seriedade. Sem isso, a cidade não cresce, não há respeito ao espaço público, nem ao meio ambiente.
Manaus é uma grande favela. Não dá para fechar os olhos a essa realidade. É um retrato da política mesquinha predominante, que leva em conta apenas o voto, não o bem-estar de sua população. Mas é uma favela que vem se expandindo ao longo dos últimos 50 anos em que ocorre a olhos vistos a ocupação irregular da terra.
Tudo em Manaus é política. Uma cidade com o terceiro maior PIB do País – soma dos bens e serviços produzidos – tem uma arrecadação pífia, de pouco mais de R$ 9 bilhões/ano para distribuir serviços a 2,2 milhões de habitantes. Uma cidade sem aliados e sem destino certo.
A imprensa, que vive escorada no dinheiro público, cobra serviços, políticas voltadas para a habitação, ao tempo em que chantageia os poderes em busca de patrocínios milionários. Recursos que poderiam ser aplicados em saneamento, escolas, asfalto, saúde, habitação acabam nos bolsos dos magnatas da comunicação. Somente o governo do estado do Amazonas está destinando este ano R$ 200 milhões para a comunicação.
Uma cidade que concentra o maior pólo industrial da América Latina e que proporciona uma receita exuberante em impostos ao Estado do Amazonas, tem que ter uma maior contribuição estadual. Parcerias entre governo e prefeitura são essenciais, necessárias mesmo para vencer as mazelas de uma cidade que precisa ser transformada, revitalizada. Parceria do governo estadual com a administração municipal não é favor. É dever. É absolutamente impositivo e republicano que os candidatos a prefeito abracem essa pauta.