As ações da Petrobras desabaram no exterior na manhã desta sexta-feira (8/3). Pouco depois das 7 horas, no horário de Brasília, os ADRs (American Depositary Receipts, os recibos de ações negociados no exterior) caíram 10,72%, cotados a US$ 14,91, nas negociações do pré-mercado da Bolsa de Nova York, nos Estados Unidos.
A queda ocorreu depois de a empresa ter divulgado, na noite de quinta-feira (7/3), um lucro líquido de R$ 124,6 bilhões em 2023, o que representou uma redução de 33,8%, na comparação com os R$ 188,3 bilhões obtidos em 2022. Analistas ouvidos pela Bloomberg estimavam um valor de cerca de R$ 127 bilhões.
Em grande medida, porém, a queda do lucro já era esperada, como resultado da redução do preço do barril de petróleo no mercado internacional. A petrolífera, contudo, também anunciou um pagamento de dividendos (a cota dos resultados da companhia distribuída aos acionistas) abaixo do esperado pelo mercado.
A empresa comunicou que seu Conselho de Administração recomendou a distribuição de dividendos equivalentes a R$ 14,2 bilhões, remanescentes do quarto trimestre de 2023, sem dividendos extraordinários. A proposta será avaliada em Assembleia Geral Ordinária (AG), prevista para ocorrer em 25 de abril.
Analistas, contudo, destacaram que o valor de R$ 14,2 bilhões decepcionou os investidores. De acordo com o JP Morgan, a expectativa era de que houvesse o pagamento de dividendos extraordinários entre US$ 2,5 bilhões e US$ 4 bilhões, além dos US$ 3,4 bilhões de dividendos mínimos, sendo que “alguns esperavam ainda mais”.
Investimentos
A companhia, no entanto, considera que a política de dividendos foi “aperfeiçoada para considerar maiores investimentos” e que ela precisa de recursos para diversificar seus negócios com vistas na transição energética. O presidente da estatal, Jean Paul Prates, afirmou que a Petrobras tem como meta ter metade de sua receita oriunda de energia limpa, incluindo biocombustíveis, em uma década.
Prates disse ainda que a empresa seguirá pagando um percentual de dividendos superior à média de 20% distribuídas por outras grandes petrolíferas. No ano passado, a Petrobras foi a segunda maior pagadora de dividendos entre as companhias do setor do mundo, ficando atrás apenas da Saudia Arabian.