Uma inglesa de 79 anos tornou-se a primeira pessoa do mundo a passar por uma substituição transcateter da válvula tricúspide (TTVR, na sigla em inglês) fora de estudos clínicos. O procedimento para a troca da válvula cardíaca é novo no mundo e ainda não está disponível no Brasil.
A cirurgia de Rosalind Walsh foi realizada no Hospital John Radcliffe, na cidade de Oxford, em dezembro do ano passado. A inglesa se recupera bem e vê uma nova chance de viver.
“Sinto-me privilegiada por ter passado pelo procedimento, o que foi um milagre para mim. Inicialmente, me senti muito cansada após a operação, mas estou me sentindo mais forte e mais parecida com o que era antes”, contou à rede de televisão britânica ITV.
“Oxford é o primeiro centro do mundo a usar o dispositivo fora de ensaios clínicos, o que é algo incrível para a equipe e para o NHS (sistema de saúde do Reino Unido) como um todo”, exaltou o cardiologista Sam Dawkins, responsável pelo caso.
Regurgitação tricúspide
Rosalin foi diagnosticada com regurgitação tricúspide em novembro de 2023, quando foi socorrida às pressas e passou quase um mês internada no hospital.
Nos pacientes com essa condição, a válvula tricúspide – localizada entre o átrio direito e o ventrículo direito do coração – não está funcionando corretamente. O problema resulta em um refluxo do sangue do ventrículo para o átrio, em vez de seguir o caminho correto, em direção à circulação pulmonar.
A regurgitação tricúspide pode ser causada por vários fatores, como doenças cardíacas, lesões no coração, infecções e problemas congênitos. Os sintomas incluem retenção de líquidos e falta de ar e podem levar à morte.
Substituição via cateter da válvula tricúspide
O tratamento convencional para a doença valvular cardíaca grave consiste em cirurgia cardíaca aberta e é de alto risco, especialmente para pacientes idosos.
O médico Diego Gaia, chefe de cardiologia do Hospital Santa Catarina – Paulista, em São Paulo, explica que a nova abordagem é minimamente invasiva.
“Os procedimentos por cateter na válvula tricúspide têm indicação precisa: são reservados para pacientes de alto risco para a cirurgia convencional, como aqueles com múltiplas doenças associadas e que já passaram por outras cirurgias”, afirma.
As vantagens incluem menor risco de morte, menor tempo de internação, menor taxa de complicação no pós-operatório e retorno mais precoce às atividades habituais.
Recuperação
Com a nova técnica, a recuperação do paciente é mais rápida. Habitualmente, ele permanece de dois a três dias no hospital e retorna às atividades habituais em uma semana. “Claro que a recuperação também vai depender do estado de saúde prévio do paciente”, considera Gaia.
A vida de Rosalind mudou drasticamente desde que ela passou pelo procedimento em dezembro. “Não quero parecer muito dramática, mas parece que um milagre aconteceu comigo”, afirma.
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