Parlamentares de esquerda temem que o adiamento da votação sobre a prisão do deputado Chiquinho Brazão (União-RJ), suspeito de mandar matar Marielle Franco, leve a própria Câmara a soltar o parlamentar.
O temor é de que, com a votação adiada para abril, a pressão sobre Brazão diminua e os próprios deputados acabem derrubando a ordem de prisão do parlamenta determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.
Líderes de partidos de esquerda ressaltam que hoje, mesmo sob pressão, muitos deputados do chamado Centrão resistem, nos bastidores, em chancelar uma prisão preventiva contra um deputado com mandato.
Apesar de não defenderem Brazão, o voto contrário a prisão do deputado serviria de “recado” ao Supremo de que a Câmara não concorda com a prisão preventiva de parlamentares.
Votação fica para abril
Inicialmente prevista para esta semana, a votação sobre a manutenção ou não da prisão de Chiquinho Brazão deve acontecer apenas na segunda semana de abril, segundo previsões de parlamentares.
A expectativa era de que o tema chegasse ao plenário da Câmara ainda nesta terça-feira (26/3), mas um pedido de vista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) adiou a votação.
A vista, segundo o regimento interno da Casa, é de duas sessões, o que inviabilizaria a votação nesta semana devido ao feriado da Sexta-Feira da Paixão (29/3).
Na próxima semana, a Câmara não deverá ter sessões. A maioria dos deputados estará em suas bases eleitorais, tratando de filiações de prefeitos e vereadores na reta final da janela para troca partidária.
Esquerda vai procurar Lira
Diante do temor sobre a soltura de Brazão, parlamentares de esquerda prometem procurar o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para pedir que o caso seja analisado em uma sessão remota.
Brazão foi preso no domingo (24/3) e levado para o penitenciária da Papuda, em Brasília. Como é deputado, a prisão precisa ser chancelada pela Câmara, conforme previsto na Constituição Federal.