Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) mostra evidências de que o uso do canabidiol (CBD) pode oferecer resultados positivos no tratamento da dependência ao crack, com resultados melhores do que os vistos com os remédios convencionais.
Um artigo com os resultados da pesquisa foi publicado segunda-feira (8/4) na revista International Journal Mental Health and Addiction.
Tratamento com CBD
O estudo foi realizado com 73 usuários de crack. Eles foram separados aleatoriamente em dois grupos. O primeiro, com 36 participantes, fez o tratamento com óleo de CBD (50 mg/ml de CBD) e três comprimidos placebos, simulando os medicamentos tradicionais. O óleo não continha tetraidrocanabinol (THC), componente responsável pelos efeitos psicoativos.
O segundo grupo, com 37 pessoas, recebeu os remédios convencionais usados no tratamento da dependência do crack: fluoxetina (antidepressivo), ácido valproico (estabilizador de humor) e clonazepam (ansiolítico), além de um óleo placebo simulando o CBD.
Os voluntários foram acompanhados ao longo de dez semanas com encontros semanais em que buscavam um kit com a medicação, respondiam questionários sobre uso de drogas e passavam por uma consulta com um médico e uma equipe de apoio psicossocial. No encontro, os participantes também faziam um teste toxicológico de urina, analisado pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Distrito Federal.
Ao final do experimento, os resultados mostraram que o CBD pode atenuar sintomas primários do uso do crack relatados pelos participantes, como falta de apetite, sensação de saúde debilitada e dificuldade em reduzir o consumo da droga.
Além disso, o grupo que usou CBD também apresentou menos eventos adversos em comparação com o grupo controle, que usou os medicamentos padrão.
“As principais implicações deste estudo apontam para o CBD como uma ferramenta terapêutica poderosa e promissora para os dependentes do crack”, afirmam os pesquisadores no trabalho.
Os pesquisadores explicam que os efeitos colaterais dos psicotrópicos tradicionais (como diarreia, constipação, náusea, tontura, problemas de memória, baixa concentração, tontura e visão turva) podem ser ainda mais acentuados em pessoas com dependência de crack devido à dosagem excessiva e à combinação dos medicamentos.
“Elas são vistas como pessoas que têm problemas com uma droga ‘muito pesada’ e, portanto, precisam ser ‘sobremedicados’. Os eventos adversos acabam contribuindo para a baixa adesão ao tratamento das pessoas com dependência ao crack nos serviços de saúde, e o acesso ao CBD, inclusive como terapia adjuvante, pode ajudar nesse cenário”, escrevem.
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