SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um garoto de 12 anos foi vítima de ataques racistas durante um torneio infantil e interescolar de futsal em Itatiba (a 84 km de São Paulo), na última terça (16).
Segundo relatou em comunicado o colégio Litteratus, onde o menino estuda, parte da torcida adversária teria se juntado atrás do gol, enquanto o aluno jogava como goleiro, e emitido insultos como “preto”, “macaco” e “volta para seu país” -não foi informado, porém, se o estudante é estrangeiro.
O caso aconteceu durante uma partida com o colégio Elite Itatiba no Ginásio Municipal de Esportes José Boava. O juiz, ao ser avisado das ofensas, paralisou o jogo.
Procurado, o Elite afirmou lamentar o ocorrido e repudiar atitudes discriminatórias. Disse ainda ter tomado medidas pedagógicas em relação “Posturas como essas ferem os valores da instituição e não podem ser aceitas em hipótese alguma. Durante a competição, assim que as ofensas iniciaram, o jogo foi paralisado e todos alunos envolvidos foram advertidos por nossos professores e pela Comissão Organizadora. Já no ambiente escolar, tomamos medidas pedagógicas e disciplinares cabíveis em relação ao caso”, afirma o colégio em nota.
A mãe do garoto alvo das ofensas registrou um boletim de ocorrência. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo foi questionada sobre o caso, mas não respondeu a reportagem até a publicação.
Em nota à Folha, a Prefeitura de Itatiba, que organizou o campeonato por meio da Secretaria de Esportes, afirmou que já havia captado clima hostil entre algumas torcidas em partidas anteriores e por isso convocou uma reunião na segunda-feira (15), véspera do ocorrido, entre representantes das dez escolas participantes. Os dois colégios envolvidos no episódio compareceram.
“Os esforços da Comissão Organizadora infelizmente não foram suficientes”, declara a pasta. “Não é aceitável esse tipo de comportamento, que foi -inclusive- repudiado oficialmente em nota assinada pela Comissão Organizadora em dia posterior ao fato.”
O órgão afirma ainda que entrou em contato com as escolas para entrar com providências “educacionais/administrativas cabíveis”.
“Não podemos admitir que ainda hoje tenhamos que conviver com atos tão repugnantes como os que foram direcionados ao nosso atleta”, diz o Litteratus. “Toda escola é formadora e educadora, e tem o dever moral e ético de repudiar veementemente qualquer manifestação de preconceito e discriminação.”