São Paulo — Em um evento com empresários em São Paulo, o ex-ministro petista José Dirceu afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) montou um “governo de centro-direita” e atribuiu a polarização política a Jair Bolsonaro (PL). Segundo ele, o ex-presidente tem o apoio da “direita internacional”.
Ao ser introduzido em seu painel, Dirceu foi questionado pelo mediador, o advogado Luís Gustavo Bichara, sobre o estímulo à polarização política feito por Lula em seu terceiro mandato presidencial. O ex-ministro da Casa Civil negou que esse jogo parta do governo petista.
“O governo Lula foi eleito nessas condições e não montou um governo de centro-esquerda, não. Ele montou um governo de centro-direita. Eu falo isso e todo mundo fica indignado, às vezes, dentro do PT. Realmente, parte do PL, o PP, estão na base do governo. Isso é exigência do momento histórico e político que nós vivemos. O presidente Lula não optou pela radicalização e pela polarização”, disse.
Dirceu ainda afirmou que o Brasil está “radicalizado e polarizado” por causa do ex-presidente Bolsonaro. “Por que o Brasil está radicalizado e polarizado? Por causa do discurso que foi feito ontem [domingo] no Rio de Janeiro, que é um fundamentalismo religioso com ataque à democracia. E ainda chamando o apoio da direita internacional e da direita norte-americana. Não só o ex-presidente Donald Trump, como o Elon Musk”, afirmou.
Dirceu fez referência ao ato pró-Bolsonaro que reuniu milhares de apoiadores em Copacabana, no Rio de Janeiro, na tarde desse domingo (21/4). A manifestação contou com a presença do ex-presidente e foi organizada pelo pastor Silas Malafaia, que fez ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo Dirceu, essa “a realidade” é que “Bolsonaro está em campanha eleitoral percorrendo o Brasil, fazendo candidatos em cada cidade”. Para o ex-ministro, “a polarização da campanha vai acabar acontecendo em grandes centros urbanos”.
Dirceu participou de um debate de um evento do grupo Esfera Brasil, que reúne políticos, membros do Judiciário, empresários. O ex-ministro foi um dos personagens do alto escalão petista que sofreram condenações no escândalo do Mensalão e da Operação Lava Jato. Ele cumpriu a pena do primeiro e ainda responde a processos no segundo.