O do chefe da Coordenadoria de Operações da Defesa Civil do Amazonas, tenente-coronel Adson Souza, disse ao Estadão Conteúdo, nesta -segunda-feira (25/09) que o órgão orientou “com bastante antecedência”, população atingida pelas dificuldades causadas pela vazante dos rios, no interior do Estado, “a fazer estocagem de alimento, e, se possível, fazer deslocamento para as sedes” dos municípios.
A matéria do Estadão diz que o Amazonas se prepara para enfrentar impactos de uma seca mais severa do que o comum para esta época do ano em decorrência do El Niño, com até 520 mil pessoas afetadas, segundo estimativas da Defesa Civil estadual. Pelo menos 14 municípios já estão em estado de emergência.
Defesa Civil calcula que, até dezembro, 130 mil famílias sentirão os impactos da estiagem. Em média, o número total de pessoas chega a 520 mil, estimativa calculada pelo órgão com base nas últimas grandes secas do Amazonas, ocorridas em 2005 e 2010.
O Risco de desabastecimento faz governo recomendar estocagem de comida. De acordo com Adson Souza, a limitação de barcos nas calhas do Alto Solimões, Juruá e Médio Solimões já dificulta a chega de insumos à população.
Comunidades ribeirinhas, que são dependentes do deslocamento fluvial para terem contato com os municípios, correm mais riscos de desabastecimento. “A gente orienta que façam deslocamento enquanto podem para locais onde teriam um maior suporte”, disse o tenente-coronel ao UOL.
59 dos 62 municípios do Amazonas estão em algum nível de alerta pela estiagem. O Centro de Monitoramento e Alerta (Cemoa) afirma que 14 municípios das calhas do Alto Solimões, Juruá e Médio Solimões estão em situação de emergência. Outros 15 estão em estado de alerta e 30 em atenção.
Período normal de seca no Norte foi agravado pelo El Niño, que inibe a formação de nuvens de chuva, afirma a Defesa Civil. A previsão é que a estiagem seja “prolongada e mais intensa se comparada a anos anteriores”, diz o órgão, que já vinha alertando para o fenômeno.
Com esse período de vazante [seca] acentuado, com certeza muitos municípios iriam entrar em situação de emergência em função da seca e de outros desastres também associados, tais como temperaturas extremas, incêndios florestais, baixa umidade relativa do ar e uma série de outros eventos adversos.
Em agosto, choveu apenas uma vez na capital Manaus, segundo reportou a Climatempo com base nos dados do Inmet (Instituto Nacional de Metereologia). O acumulado foi de 18,1 mm, apenas 32% da média climatológica para este período do ano, que é de 56,1 mm.
Outros estados do Norte também encaram consequências da estiagem. Em Rondônia, a capital Porto Velho aparece como município em risco em atenção de acordo com as medições do Sipam (Sistema Integrado de Monitoramento e Alerta Hidrometereológico), administrado por órgãos federais.
Amazonas e Rondônia terão reunião com o governo federal para discutir a transferência de recursos, nesta terça-feira (26/09), com os ministérios de Portos e Aeroportos e de Transportes. Participarão os governadores do Amazonas, Wilson Miranda Lima, e de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil), além de deputados e senadores dos Estados.
Governo estadual diz que deve investir R$ 100 milhões e articular “30 órgãos da administração direta e indireta” para lidar com a crise.
Navegação afetada
O período de seca já afeta a navegação de rios importantes, como o Amazonas, o que pode reduzir a capacidade de transporte pelo rio em 40% em duas semanas e até 50% até outubro.
No caso do trecho Benjamin Constant a Tabatinga, no Rio Solimões, os levantamentos e estudos iniciais foram realizados e já foi declarada a situação de emergência. Segundo o MPor (Ministério de Portos e Aeroportos) e Transportes, os recursos já foram reservados. Os órgãos aguardam os trâmites finais para a publicação do contrato de dragagem na região, que deve ocorrer até o início de outubro.
Na região da foz do Rio Madeira e Tabocal, são avaliadas obras de dragagem —ou seja, a remoção de resíduos no fundo do rio para facilitar o fluxo das embarcações.