Somente no Estado do Amazonas, mais de 34,6 milhões de hectares poderiam ser destinados à criação de territórios protegidos. É o que mostra a versão do estudo “Mesmo jogo, novas regras: uma solução fundiária para a Amazônia”, que acaba de ser lançada pelo Instituto Escolhas e apresenta as informações de cada Estado da região. O documento propõe um novo “arcabouço fundiário para a Amazônia”. Foi desenvolvido em parceria com o Grupo de Políticas Públicas da ESALQ/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo).
Os dados da pesquisa mostram que há 118 milhões de hectares em terras públicas sem destinação definida e, portanto, vulneráveis à ocupação irregular. Do total, 56,4 milhões de hectares já foram ocupados. O restante – 59,5 milhões de hectares – pode ser destinado à criação de territórios protegidos, como territórios de ocupação coletiva e Unidades de Conservação.
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“O país precisa criar coragem para encarar o problema da situação fundiária na Amazônia de frente e romper o ciclo permanente do ‘invadir, desmatar e depois pedir o título da terra’. E essa mudança começa pela destinação de todas as terras públicas ainda não destinadas, entre glebas públicas e áreas ainda não arrecadadas pelo Estado, para que sejam reconhecidas como áreas não sujeitas a invasões”, disse Sergio Leitão, diretor-executivo do Instituto Escolhas.
“A regularização das áreas já ocupadas deve ser avaliada, seguindo parâmetros diferentes daqueles adotados hoje, que terminam por incentivar novas ocupações. Quanto às outras áreas, a ideia é viabilizar uma proteção definitiva. E isso é possível por meio das Unidades de Conservação e da demarcação das terras de povos e comunidades tradicionais”, afirmou.
A situação no Amazonas
O Estado do Amazonas abriga a maior parte das terras passíveis de destinação. São 34,6 milhões de hectares em terras públicas que podem ser destinados à criação de territórios protegidos, o que equivale a cerca de 58% de toda área da Amazônia brasileira que pode ser imediatamente destinada, diz o documento. Segundo o estudo, o Amazonas contém grandes áreas contínuas com alto potencial para a destinação para Unidades de Conservação e proteção de terras de ocupação tradicional.
Mais 2,13 milhões de hectares abrigam áreas com registro no CAR (Cadastro Ambiental Rural) e indícios de uso. São áreas com desmatamento anterior a 2008 e menores do que 2.500 hectares, ou seja, cumprem 2 critérios das leis vigentes sobre regularização fundiária na Amazônia. Desta forma, poderiam ser priorizadas em análises com essa finalidade.
Outros 12 milhões de hectares, também com registro no CAR e indícios de uso, possuem desmatamento posterior a 2008, ou áreas maiores que 2.500 hectares, ou ambas as situações. Em casos como esse, análises para eventuais ações de destinação para o uso social da terra e a regularização fundiária demandariam estudos de caso cuidadosos e eventuais alterações na legislação.
Com informações do Poder 360 e do Instituto Escolhas