Condenado a mais de 330 anos de cadeia, Marcola é apontado como o homem por trás da transformação do PCC em organização criminosa com estrutura e visão empresariais. Responsável por assaltos milionários, ele está no sistema penitenciário desde 1986, quando tinha 18 anos.
Em depoimentos, o líder máximo do PCC afirma que “já estudou bastante Lênin”, o líder da Revolução Russa de 1917, e elege “Assim Falou Zaratustra”, do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), sua obra preferida.
Afilhado de Cesinha e um dos primeiros batizados, Marcola logo assumiu a liderança. Em comum com os fundadores, tinha perfil político, raciocínio rápido e capacidade de influenciar colegas de cela. Em contrapartida, discordava de métodos mais violentos, sem objetivos claros, defendidos pela primeira cúpula.
Em 2002, por exemplo, Cesinha e Geleião planejaram usar carros, recheados com 30 quilos de dinamite, para explodir o prédio da Bolsa de Valores de São Paulo e o Fórum Criminal da Barra Funda, ambos na capital paulista. Para Marcola, a facção ganharia mais ficando fora do radar da polícia e das autoridades.
Segundo o procurador Márcio Christino, a visão de retaliar com atentados apenas em casos extremos ficou mais forte após Marcola dividir cadeia com o guerrilheiro chileno Mauricio Hernández Norambuena, líder da Frente Patriótica Manuel Rodríguez (FPMR), antigo braço armado do Partido Comunista do Chile, em 2006.
Norambuena estava preso em São Paulo pelo sequestro do publicitário Washington Olivetto, em 2001. “Ele ensinou a Marcola que nunca se pode ir contra o povo, mas a favor do povo, e orientou que atentados não funcionam da forma que o PCC pretendia porque o resultado é a repressão”, diz Christino.