O Governo Federal pode alegar que havia um tatu entre os presos que fugiram driblando a mais alta tecnologia de vigilância utilizada no presídio federal de Mossoró – equipamentos de scanner corporal, detectores de metal, câmeras de vigilância 24 horas e servidores de olho em cada preso. Mas não havia túnel aberto ligando os fortes muros da penitenciária ao lado externo do presídio. Deilson Cabral Nascimento, o Tatu, e Rogério da Silva Mendonça, integrantes da facção criminosa Comando Vermelho, fugiram pelo teto das celas.
A fuga espetacular foi um baque nos primeiros dias de gestão do atual ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e deve ter consequências políticas, com a oposição pisando nos calos do novo ministro, que assumiu prometendo guerra total ao crime organizado.
Para além do voluntarismo do novo ministro, que mobilizou a Polícia Federal e a Interpol na caçada aos fugitivos, cabe uma rigorosa investigação interna sobre quem facilitou a fuga dos detentos, que claramente não foi obra do acaso. Houve muito provavelmente a venda de facilidades e conluio de agentes penitenciários.
O fato revela o grau de infiltração dessas organizações criminosas até mesmo onde se presumia que ficavam do outro lado dos muros eletrificados e altamente vigiados.
Toda a estrutura colocada na caçada aos criminosas – Interpol, Policia Federal, Policia Rodoviária já expõe por si mesmo uma tentativa do governo em dar respostas à sociedade. Mas também há um risco muito grande de frustração, pelo grau de organização dessas facções que sabem como esconder os seus “tatus” na tentativa de desmoralizar o estado.
O que fica desse episódio lamentável é o forte golpe num sistema prisional que desde sua criação era considerado eficiente e inexpugnável.