Com tantas restrições ao papel da mídia, o Tribunal Superior Eleitoral coloca nas mãos de juízes desatentos poder imensurável de estabelecer a censura, dando razão a políticos mentirosos, que se transformam em vítimas em contraposição a verdade objetiva, que eles não toleram.
As medidas adotadas para combater notícias falsas têm razão de ser, mas políticos cínicos fazem uso desse instrumento para induzir tribunais a silenciarem o jornalismo, a pretexto de que a verdade não é exatamente à verdade.
Os juízes não estão sendo treinados para identificar as deepfakes, manipuladas por inteligência artificial.
A urgência com que a Justiça Eleitoral trata casos que questionam informações e/ou acusações não permite que os juízes identifiquem o que é produto de IA ou não. A tecnologia avançou muito e a realidade é uma confusão de verdade e suposta verdade.
Disso se valem exatamente os candidatos de má fé. São eles os principais beneficiários de uma legislação feita nas coxas, sem ouvir quem entende do assunto, sem que os tribunais tenham um corpo de especialistas para orientar os magistrados que também não podem decidir em cima de meras suposições.
Nas últimas 20 eleições o poder político (e financeiro) sempre estabeleceu, especialmente nos municípios, o que é “noticia sabidamente inverídica”. Mesmo diante de fatos concretos, irrefutáveis, juízes mal-intencionados censuraram ao longo dos anos a imprensa. Agora a coisa pode piorar. E muito.