Os e-mails de ex-assessores da Presidência indicam que houve um encontro secreto entre Jair Bolsonaro e o então assessor especial para Assuntos Internacionais, Filipe G. Martins, às 11 horas no dia 18 de dezembro de 2022. O tenente-coronel Mauro César Cid disse, em delação premiada, que Martins mostrou uma minuta de decreto golpista a Bolsonaro no fim do ano passado.
A agenda oficial de Bolsonaro informa que não houve compromissos oficiais no dia em questão. Cid afirmou que um advogado constitucionalista e um padre participaram da reunião com Martins, mas o e-mail não lista outros participantes. O conteúdo do depoimento de Cid foi revelado pelo jornalista Aguirre Talento.
Na manhã daquele dia, ainda segundo a agenda secreta, Bolsonaro teve reuniões individuais com o então advogado-geral da União, Bruno Bianco, com o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, com o então comandante da Marinha, Almir Garnier, e com o então ministro-chefe do GSI, Augusto Heleno. A reunião com Heleno foi a única que ocorreu após Bolsonaro conversar com Filipe Martins.
Segundo a delação de Cid, Bolsonaro apresentou parte da minuta golpista aos chefes das três Forças Armadas, mas apenas Almir Garnier declarou ser favorável à ideia. Os e-mails indicam que a reunião secreta com Garnier terminou às 11 horas, pouco antes de Martins conversar com Bolsonaro.
As mensagens dos ex-assessores de Bolsonaro mostram encontros secretos organizados até 20 de dezembro de 2022. Naquela data, Bolsonaro manteve reuniões fora da agenda com Valdemar Costa Neto, presidente do PL, com Paulo Sérgio Nogueira, então ministro da Defesa, com o general Eduardo Villas Bôas, com Fábio Faria, então ministro das Comunicações, e com o general Mario Fernandes, então secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência.
O encontro de Bolsonaro com o general Mario Fernandes contou com “dois senhores não identificados”, conforme anotação do assessor que organizava a lista de reuniões secretas.
Filipe Martins não retornou os contatos da coluna.
