Ailton Krenak foi eleito para a cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras (ABL) nesta quinta-feira (05/10). O filósofo, professor, escritor, poeta, ambientalista e líder ativista da causa dos povos originários é o primeiro indígena a se juntar à instituição.
Membro da Academia Mineira de Letras desde março, ele entra para a vaga deixada por José Murilo de Carvalho, que morreu em agosto. Krenak recebeu 23 votos. Mary Lucy Murray Del Priore teve 12, e Daniel Munduruku, 4.
Nascido em 1953 em Itabirinha (MG), Krenak fundou a organização não governamental Núcleo de Cultura Indígena, que visa promover a cultura indígena, em 1985.
Na Assembleia Constituinte de 1987, da qual o grupo participou por causa de uma emenda popular, assumiu ativo papel na defesa dos direitos de seu povo.
Autor de diversos livros como “Ideias para adiar o fim do mundo”, “A vida não é útil” e “O Amanhã não está à venda”, teve obras traduzidas para mais de treze países. Atualmente vive na Reserva Indígena Krenak, em Resplendor (MG).
Krenak é Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora e ocupa a cadeira 24 da Academia Mineira de Letras. Nascido no vale do rio Doce, uma região afetada pela atividade de extração mineira, mudou-se para o Paraná aos 17 anos, onde se alfabetizou.
Após participar da da fundação da União Nacional dos Indígenas (UNI), o primeiro movimento indígena de expressão nacional, ele comoveu o país com um discurso na Assembleia Nacional Constituinte, em 1987, em que pintou o rosto com a tinta preta de jenipapo em protesto ao retrocesso dos direitos indígenas.
Seu apelo na época foi essencial para a aprovação da emenda constitucional que trata dos direitos dos povos originários.
O sucesso de seus livros mais recentes, como “A vida não é útil” e “Ideias para adiar o fim do mundo”, ambos publicados pela Companhia das Letras, difundiu o pensamento ameríndio para o grande público, propondo novos modos de vida e maneiras de se relacionar com o meio ambiente.
Krenak critica o que ele chama de “humanidade zumbi”, uma ideia de progresso que deslocou os homens do corpo da terra e nos levou o consumo desenfreado e à destruição da natureza.