Antirrepublicano, antiético – e burro (Por Sérgio Vaz)

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Um governo usar instrumentos, instituições, órgãos de Estado em proveito próprio, em defesa dos interesses políticos e pessoais de seus líderes, é antirrepublicano, antiético, e, a rigor, criminoso. Essa noção é algo básico, basilar. É um truísmo: sequer precisa ser explicado.

Muito do que o governo Bolsonaro fez foi antirrepublicano, antiético e criminoso. O uso da Abin, Agência Brasileira de Inteligência, para defender seus interesses pessoais e os da sua famiglia é apenas um deles – e é gravíssimo. Sem dúvida alguma.

Agora, é também antirrepublicano, antiético e, a rigor, a rigor, criminoso o uso de conta oficial do governo em rede social para fazer ironia com o adversário político, gozar a cara dele.

Além de antirrepublicano, antiético e, a rigor, a rigor, criminoso, é também – vamos dizer claramente, com as palavras exatas, ainda que possam parecer pesadas – burro. Idiota.

A gozação feita pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo – “toc, toc, toc” – é burra, idiota. Dá arma para o inimigo. Oferece para o bolsonarismo, de presente, de mão beijada, algo que pode parecer uma prova eloquente de que a Polícia Federal está perseguindo o ex-presidente e sua famiglia. Serve como uma luva para os zeros, seus advogados e toda a malta de apoiadores clamar que é perseguição, que é tudo por motivação política.

Burro, idiota, tiro no pé, presente para o inimigo – e algo absolutamente desnecessário.

Poucos minutos depois que a Polícia Federal fez toc, toc, toc na casa em que os Bolsonaros se reuniam em Angra dos Reis, e da qual fugiram de madrugada, as redes sociais começaram a ser inundadas de piadas. Memes dos mais variados tipos – e muitos sem dúvida alguma engraçados, divertidos, ótimos. Bolsonaro em um jetsky, e um texto assim: Você pensava que era malandragem, mas era treinamento para a fuga. Um caprichado desenho de um peixe no fundo do mar coalhado de celulares. A foto do ex com aquela barriga grotesca e a legenda dizendo que ele tinha engolido um laptop da Abin. Um vídeo com a apresentação do “Pagode em alto mar”, pelo conjunto Milícia do Samba – uma canção tirada do álbum: “Bandido bom é meu filho”, da gravadora Papuda Records.

Em um amplo, geral e irrestrito movimento popular, brasileiros de tudo quanto é lugar gozaram Bolsonaro e filhos. Expuseram-nos ao ridículo.

Para que, meu Deus do céu e também da Terra, o governo Lula tinha que cometer um absurdo ato antirrepublicano, antiético, burro, idiota?

Chega a ser impressionante, inacreditável, patético: será que esse Paulo Pimenta, o titular da Secom, não consegue somar 1 + 1?

 

Sérgio Vaz é jornalista (ex-Estadão, estado.com.br, Agência Estado, revistas Marie Claire e Afinal, Jornal da Tarde). Edita os sites + de 50 Anos de Filmes e + de 50 Anos de Textos.

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