Após aliado pagar teatro, Michelle recebe título e fala em perseguição

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São Paulo – Em meio a uma proibição judicial, driblada por um vereador que pagou R$ 100 mil para alugar o Theatro Municipal, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) foi homenageada com o título de cidadã honorária paulistana, na noite desta segunda-feira (25/3), em um dos cartões postais da capital paulista.

O vereador Rinaldo Digilio (União), autor do projeto para homenagear Michelle, abriu a sessão dizendo que ela ocorreria “sem desrespeito” às determinações judiciais porque ele mesmo pagou pelo evento – no fim de semana, o Tribunal de Justiça (TJSP) proibiu a Prefeitura de ceder o teatro para a cerimônia.

O desembargador Marco Antônio Martin Vargas estipulou multa de R$ 50 mil caso a decisão fosse descumprida. A liminar suspendendo o uso do teatro para a homenagem a Michelle foi concedida em uma ação movida pela deputada federal Erika Hilton (PSol-SP).

O evento foi marcado por orações e citações bíblicas. Em seu discurso, Michelle afirmou que ela e o marido são perseguidos e que “Bolsonaro foi um homem que Deus levantou para que fizesse justiça social a essa nação”.

“Sofremos perseguições, distorcem nossas falas e tentam destruir a nossa reputação”, disse Michelle.

Já o ex-presidente voltou a falar em ameaça à liberdade na cerimônia de homenagem a sua mulher.

“Aprendemos ao longo dos nossos quatro anos, ou reaprendemos, algo tão importante ou mais do que a própria vida e não dávamos muito valor a isso. Achávamos que aquilo não iria acabar, que é a nossa liberdade”, disse. “Tem coisas que você só dá valor depois que perde. Uma delas é a liberdade.”

Vereador pastor bancou evento

O vereador Rinaldo Digilio declarou ter dado os próprios bens como garantia para conseguir um empréstimo bancário de R$ 100 mil para viabilizar o aluguel do Theatro Municipal para a cerimônia.

“Como eu aluguei esse lugar, então posso falar o que eu quiser”, brincou o vereador, que é pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular. “Agora sai o vereador e entra o pastor”, disse. Na sequência, diversos presentes gritaram “aleluia”, “cadê o povo de glória?” e “o Brasil é de Jesus”.

Os discursos de Digilio e de Michelle tiveram diversas citações bíblicas. A cerimônia terminou com uma oração comandada pelo vereador pastor.

Michele

“Michelle, o inimigo não te ataca porque você é fraca. O diabo está te atacando porque você é uma ameaça”, disse Digilio.

Ao agradecer a homenagem, Michelle voltou a dizer que seu marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é um “homem abençoado por Deus” e disse que “o Brasil voltará a ser governado por pessoas de bem”.

Proibição da Justiça

O prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), ironizou a situação ao dizer entender a proibição porque “tem muita gente preocupada” com a popularidade de Michelle.

Em seu discurso, Nunes explicou que, para que um título de cidadão paulistano seja concedido, a proposta precisa passar por mais do que a maioria simples da Câmara Municipal, ou seja, 28 votos dos 55 vereadores.

“Tem alguém com mais credibilidade no Estado democrático de direito de propor, votar e aprovar o título de cidadão paulistano? Não tem. Aí, eu não consigo realmente entender… Aliás, até entendo. Tem muita gente preocupada”, disse o prefeito.

O vereador Rubinho Nunes (União) classificou a situação judicial como injusta. “Mais de 40 pessoas foram homenageadas neste local, o que só mostra a injustiça contra vocês”, disse ele.



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