O ato que reuniu milhares de pessoas na Avenida Paulista neste domingo (25/2) atendeu plenamente as expectativas de Bolsonaro e Silas Malafaia, organizador do evento. Após deixarem o trio elétrico, ambos calcularam o impacto que a demonstração de apoio popular produzirá no Supremo Tribunal Federal (STF) e nos diferentes inquéritos comandados por Alexandre de Moraes que envolvem o ex-presidente.
Nem Bolsonaro nem Malafaia acreditam que ato produzirá algum efeito em Moraes. Ovacionado aos gritos de Xandão em cerimônia com Lula no Planalto e criticado de forma unânime por bolsonaristas, o ministro já teria formado seu juízo para condenar Bolsonaro à prisão na questão envolvendo suposta tentativa de golpe de Estado. O mesmo valeria para o atual presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, e para o recém-empossado Flávio Dino.
Alexandre de Moraes
Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso
Flávio Dino e Alexandre de Moraes durante a posse de Flávio Dino como ministro do STF 1
BOLSONARO PARTICIPA DO CULTO DE SILAS MALAFAIA
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A “fotografia” na Paulista que Bolsonaro diz querer “passar para o mundo” é para o cenário internacional e, também, para os outros 8 ministros da Corte. Há um recado implícito no ato convocado por Malafaia: em caso de prisão, haverá reação popular.
O rótulo de “vilão” do bolsonarismo, hoje protagonizado por Moraes, seria inflamado e passaria a ser compartilhado com outros ministros que cometessem “injustiças” nas sentenças envolvendo Bolsonaro. A tendência é que o relatório de Alexandre seja votado pelo plenário da Corte.
Bolsonaro e Malafaia não ousam falar publicamente de que forma se daria tal reação popular. Deixam que a história recente dê o tom do imaginário.
O mote para inflamar eventual reação enérgica seria uma alegada atuação parcial de ministros do STF, que supostamente agiriam em sincronia com Lula, de modo a enterrar o seu principal adversário político.
No STF, o discurso alinhado é que os ministros não terão seus votos influenciados pela pressão popular.