Os pré-candidatos à prefeitura de Manaus travam uma batalha silenciosa nos bairros. Uma batalha por espaço, para chegar diretamente ao eleitor, furando o bloqueio imposto pelas organizações criminosas. O mapa é vermelho e andar nas ruas da Compensa, Cidade de Deus, Nova Vitória e Colônia Terra Nova, somente para citar alguns, requer autorização dos “xerifes”. Não é um fenômeno atual. Vem de longe. Cresceu na esteira das invasões “consentidas”, da omissão do poder público e do conluio de agentes do estado. São áreas extremamente violentas e que produziram ano passado cerca de 800 dos 1,2 mil homicídios registrados na cidade.
Mas qual a estratégia para receber salvo-conduto para entrar nos becos e ruelas onde estão eleitores sem acesso a internet e que votam de acordo com a orientação da “liderança”do pedaço? Não há estratégia.
É em tempo de eleições que as organizações criminosas se fortalecem. Acordos espúrios são fechados e de certa forma “legitimam”o espaço ocupado, com os xerifes estabelecendo o número de votos que alguns candidatos terão em sua área.
É pegar ou largar, e muitos políticos pegam, sem a necessidade de chegar à casa do eleitor e pedir votos.
São currais eleitorais, mantidos sob mão de ferro, com a subtração de direitos, o que torna muitos cidadãos prisioneiros em suas próprias casas.
É a explicação do por quê as organizações criminosas estendem seus domínios sobre as cidades e se infiltram nos poderes legalmente constituídos. Por trás delas há o poder político, amarrado a compromissos eleitorais.
Para vencer a guerra contra as organizações criminosas, como parece ser o desejo do governo federal, é necessário antes identificar as ligações do poder político com o poder paralelo. Mas isso implica em reinventar a política no Amazonas e no Brasil;….