Baixada Santista ultrapassa 100 mortes com operações e ataques a PMs

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Mas, se a apuração já “nasceu quadrada”, com um BO incompleto e falho, ainda assim, é possível esclarecer os fatos? Os especialistas dizem que sim, desde que haja interesse em saber o que aconteceu. Se quiser, a PM é capaz de identificar, por exemplo, onde estava cada viatura e quem eram seus ocupantes, a fim de qualificar todos os participantes de determinada ação, mesmo que isso não conste no BO. A partir daí, a corporação fecharia o cerco sobre os policiais envolvidos em cada caso. Os celulares pessoais dos PMs envolvidos também poderiam subsidiar a análise. Fotos, vídeos, trocas de mensagens e registro de ligações ajudariam a dar pistas sobre o que de fato aconteceu. Já o sinal emitido por uma estação rádio-base (ERB), a antena das operadoras de celular, colaboraria para determinar quem estava na área do suposto confronto.

NEM AÍ

A ausência sistemática de perícia e de apreensão das armas de todos os envolvidos em um confronto com morte já descumpre, por si só, o Código Penal. É o que aponta a diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), Samira Bueno, que diz também que essas lacunas não eram tão comuns no passado, mas que viraram método agora.

“AS AÇÕES NA BAIXADA SANTISTA INAUGURAM UM NOVO MODUS OPERANDI, NO CASO DA GESTÃO TARCÍSIO, QUE É DE UM DESPREZO TOTAL TANTO PELA LEGISLAÇÃO QUANTO POR QUALQUER POSSIBILIDADE DE MECANISMO DE CONTROLE.”

Samira Bueno, diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP)

A diretora do FBSP diz que policiais dispõem de liberdade total para escamotear o sistema de justiça. “O próprio governador, quando questionado sobre possíveis abusos, deu aquela declaração infame e condenável, de que poderia ir até à Liga da Justiça, porque ele não estava nem aí. Esses documentos evidenciam que ele não está nem aí mesmo”, afirma.

Em diversos BOs, a insegurança no território foi apontada como motivo para se deixar de fazer perícia. “Mas em nenhum caso o Samu deixou de ser acionado por isso. Então, se existe segurança para os profissionais do Samu, por que não existe para os da perícia?”, questiona Samira.

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