Lula e o PT estão como o diabo gosta. O diabo gosta de polarizar com Deus, embora até aqui tenha sido mal sucedido. Não importa. Falem mal dele, mas falem. E os crentes em Deus falam o tempo todo.
Lula e o PT gostam de polarizar com Bolsonaro, e não podem se queixar. Com Lula preso em 2018, foi Bolsonaro que polarizou com o PT. Elegeu-se surfando na onda do antipetismo.
Em 2022, Lula e o PT polarizaram com Bolsonaro, derrotando-o. Haveria melhor adversário depois de quatro anos de desgoverno e de uma pandemia que Bolsonaro tratou como uma gripezinha?
Bolsonaro será condenado e preso, é pule de dez. Mas não logo. E enquanto não for, o bolsonarismo seguirá vivo. E então? Então, polarizar com Bolsonaro outra vez poderá ser uma boa para Lula e o PT.
Evitará, por exemplo, que o eventual espaço deixado por Bolsonaro seja de pronto ocupado pela direita que se acha e que se diz civilizada. No momento, o bolsonarismo celebra a crise Brasil-Israel.
Certamente, esse será um prato cheio a ser comido no ato convocado por Bolsonaro para o próximo domingo na Avenida Paulista. O embaixador de Israel no Brasil talvez apareça por lá. Se aparecer, persona non grata nele.
Se o ato for um sucesso de público, se dirá que a crise foi um dos motivos, e Lula o culpado. Se fracassar… Bem, aí a culpa será mesmo de Bolsonaro. Lula está pouco se lixando para o que disserem.
E, no fundo, no fundo, torce para que o ato não seja um retumbante fracasso. Boa sorte, Bolsonaro!