A presença de Bolsonaro em Manaus vai virar do avesso o tabuleiro eleitoral e, de certa forma, constranger um velho aliado: o governador do Amazonas, Wilson Lima. Muito provavelmente Bolsonaro usará de seu jeitão aloprado para cobrar de Wilson apoio ao capitão Alberto Neto.
O governador vem apoiando Roberto Cidade e esse apoio não é discreto e nem compromete os interesses do governo em Brasília.
Apoiar um candidato bolsonarista é praticamente fragmentar uma relação já fragilizada com o governo federal e travar negociações em torno do empréstimo de R$ 1,5 bilhão junto ao Banco do Brasil, destinado ao custeio da máquina pública, fora projetos de desenvolvimento para o Estado.
Para usar uma expressão popular, a visita de Bolsonaro coloca Wilson numa situação de barril, ou em uma dificuldade politicamente insuperável para um governador que precisa manter uma relação minimamente amistosa com o governo federal.
Ceder a eventual pressão de Bolsonaro para apoiar Alberto Neto seria criar dificuldades insuperáveis em momento de tensão política.
A visita do ex-presidente beneficia Alberto Neto, mas pode provocar estragos na relação de Wilson com o governo Lula. Entretanto, esse é um caso que diz respeito ao governador e como ele vai contemplar interesses dos bolsonaristas ou ficar numa posição de neutralidade, apoiando um candidato sem relação com o bolsonarismo.