Capitais têm abismo de renda, violência, saúde e saneamento, mostra Mapa da Desigualdade

AMAZONAS

Um estudo publicado hoje, que mede um conjunto de 40 indicadores sociais, aponta que as capitais das regiões Norte e Nordeste têm os piores números do país em dados como renda, saúde, saneamento e segurança pública. Manaus aparece em 23º lugar, no ranking.

As capitais do Norte e do Nordeste ocupam as últimas posições do Mapa da Desigualdade entre as Capitais Brasileiras. Segundo o estudo, elaborado pela primeira vez pelo ICS (Instituto Cidades Sustentáveis), as duas regiões ocupam as 15 últimas posições do ranking entre as 26 capitais estaduais brasileiras — Brasília não aparece no levantamento.

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A primeira colocada da lista é Curitiba (PR), seguida de Florianópolis (SC) e Belo Horizonte (MG). A classificação do ICS é o somatório de pontos a partir dos 40 indicadores sociais analisados. Curitiba liderou com 677 pontos, enquanto Porto Velho (RO), com 373 pontos, ficou na última posição.

A diferença regional é especialmente alta nas medições de renda, saúde e segurança pública. Em indicadores como população abaixo da linha da pobreza, mortalidade infantil e homicídios por 100 mil habitantes, as taxas de capitais do Sul, Sudeste e Centro-Oeste são até dez vezes superiores às do Norte e Nordeste.

Um exemplo de disparidade regional é a taxa de homicídios. Enquanto São Paulo (SP), a mais bem colocada no quesito, teve uma média de 2,03 assassinatos para cada 100 mil habitantes em 2021, a taxa de Macapá (AP), última da lista, foi 29 vezes maior: 62,41 mortes a cada 100 mil habitantes.

Os indicadores do estudo são baseados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Essa lista, que o Brasil firmou compromisso para combater até 2030, inclui metas como erradicação da pobreza e da fome, redução das desigualdades e busca por paz, justiça e instituições eficazes.

Autores de estudo veem desigualdades crônicas

Os autores do Mapa da Desigualdade, veem uma disparidade estrutural na comparação entre as capitais. Para Jorge Abrahão, coordenador-geral do ICS, as políticas públicas no país tentam atacar os problemas de forma pontual, mas raramente conseguem solucionar as causas das desigualdades.

Cidades do Nordeste e do Nordeste são marcadas por pobreza, desemprego e violência. As capitais das duas regiões ocupam as cinco últimas posições do país em indicadores como PIB per capita, recebimento de benefícios sociais, índice de desocupação e taxas de homicídios, especialmente entre a população jovem.

Sul, Sudeste e Centro-Oeste, por outro lado, lideram a maioria dos quesitos. Um exemplo é a população abaixo da linha da pobreza: as menores taxas são Florianópolis (SC), com 1,1%; Curitiba, com 2,3%, e Cuiabá, com 2,7%. Na outra ponta estão Recife (PE), Rio Branco (AC) e Salvador (BA), que têm mais de 10% da população nessa condição.

“Os dados mostram uma espécie de ‘Tratado de Tordesilhas na horizontal’ entre Norte, Nordeste e o restante do país. Há uma correlação entre problemas estruturais, como a pobreza, com violência, saneamento e saúde, que estão todas interligadas. Esses fatores, por sua vez, influenciam na capacidade produtiva da população, o que acaba retroalimentando as desigualdades”, diz Jorge Abrahão, coordenador-geral do Instituto Cidades Sustentáveis.

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