Durante julgamento realizado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nesta quinta-feira (7/3), a vice-presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, ressaltou e lamentou o aumento aos xingamentos contra mulheres nas eleições, candidatas ou não.
Os ministros analisavam ação contra a rádio Jovem Pan e a comentarista Pietra Bertolazzi, por veiculação de informações inverídicas, durante a campanha eleitoral de 2022, sobre Rosângela da Silva, conhecida como Janja, esposa do então candidato à presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na ocasião, a comentarista afirmou que Janja seria usuária de maconha e estaria rodeada por “um monte de artista maconhista”. Bertolazzi ainda comparou Janja à ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro (PL).
“Enquanto você tem ali a Janja abraçando o Pabllo Vittar e fumando maconha, fazendo sei lá o quê, você tem uma mulher impecável representando a direita, os valores, a bondade, a beleza” (sic), disse Bertolazzi.
O colegiado reconheceu a competência da Justiça Eleitoral em julgar o caso, tendo em vista que as ofensas foram no período eleitoral e para atingir o então candidato Lula, com ofensas à sua esposa. Os ministros condenaram ainda a autora das ofensas a pagar R$ 30 mil de multa.
Carmén Lúcia lamenta cenário
Dentro do julgamento e um dia antes do Dia Internacional da Mulher, a ministra lamentou o cenário criado contra as mulheres em discursos de ódio:
“O discurso de ódio contra as mulheres se acentua de forma proeminente, principalmente depois e nas últimas eleições. O discurso de ódio contra a mulher é diferente do discurso contra os homens. É sexista, de costumes, para atingir a família, os filhos, os pais”, disse a vice-presidente da Corte e, hoje, única mulher ministra do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ela apontou que a situação “é enormemente prejudicial”. “Enquanto fazemos um esforço para as mulheres participarem de eleições, isso as afasta da disputa”, considerou.