Cenário para crédito melhora, mas é preciso cautela para evitar endividamento

AMAZONAS

– As operações ainda não estão baratas. O movimento é de médio prazo – afirma.

 

Para se ter uma ideia, cálculos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostram que, no cenário anterior, a taxa média de juros anual do cartão de crédito era de 416,30%, o que chegou a 414,10% com a redução da Selic (-2,20). Já a do empréstimo pessoal passou de 56,80% para 56,00% (-0,80), enquanto as taxas praticadas pelo comércio caíram de 85,40% para 84,50% (-0,90).

Na Caixa Econômica Federal, por exemplo, a contratação de crédito aumentou em cerca de 9% entre janeiro e março, na comparação com o último trimestre de 2023. Crédito consignado e antecipação do Saque Aniversário do Fundo de Garantia – linhas com risco de inadimplência menor, já que são atreladas à garantia, e por isso têm taxas mais atraentes – são as mais buscadas.

Santander e Itaú também informaram ter identificado um aumento na procura de crédito nos últimos meses, sem especificar quanto.

Prudência e paciência na contratação

Especialista em finanças pessoais e professora da Escola de Negócios da PUC-Rio (IAG), Graziela Fortunato analisa que, apesar de condições econômicas mais favoráveis, como juros baixando e inflação reduzida, as famílias continuam endividadas, principalmente as de baixa renda, mais vulneráveis.

– As taxas de juros baixaram, mas não estão baixas ainda. As pessoas não estão tão endividadas como antes, com débitos em atraso, mas seguem com o orçamento comprometido. É preciso resolver as contas pessoais, para depois retomar. Ainda existe um estoque de dívida que precisa ser resolvido para evitar que se crie uma bola de neve – diz.

Ela recomenda cautela e muita análise antes de decidir pela contratação de crédito:

– Tem que pensar direito. A sugestão é que ainda não é o momento para realização dos desejos. Esperar um pouco seria mais prudente, para que o cenário fique mais favorável.

Barleta, da Serasa, avalia ainda que os cuidados que precisaram ser tomados no ano passado, quando os índices de endividamento e inadimplência bateram recordes, devem ser mantidos:

– O Desenrola aumentou a capacidade de pagamento das famílias, mas a preocupação precisa ser a mesma. Não avalio que esse fôlego no orçamento seja um sinal verde de contratar crédito que não seja necessário, porque pode levar a um retorno para um quadro de endividamento.

Atenção aos cuidados

Fôlego

Barleta orienta ainda que a tomada de um empréstimo ou compra financiada só deve acontecer caso o consumidor enxergue no orçamento a capacidade de pagamento de um novo produto de crédito.

Prioridades

Por isso, é preciso colocar na ponta do lápis o que se ganha e o que se gasta mensalmente para saber se há espaço nas finanças da família antes de contratar crédito, principalmente se o objetivo for um gasto não-urgente, como fazer uma reforma ou comprar um eletrodoméstico ou eletrônico.

50-30-20

Ele explica que a chamada regra do “50-30-20” pode ajudar no processo:

– Nesse cálculo a família soma sua renda líquida, ou seja, sem os descontos e contribuições. A partir daí, metade tem que ser derivada para as despesas fixas, como o aluguel, as contas de água e luz e os gastos com alimentação. Outros 30% ficam para os custos variáveis, como as assinatura

de streaming, uma viagem, gastos com lazer. E os 20% restantes devem seguir para uma reserva de emergência, um valor que deve ser guardado, ou até investido, para um uso futuro numa possível emergência.

Troca inteligente

Graziela, da PUC-Rio, orienta ainda que um caminho vantajoso com a redução (ainda que tímida) nos juros pode ser quando o consumidor toma um empréstimo com taxas menores para pagar uma dívida mais alta, com juros mais altos.

– Além de bom negócio, é um sinal de lucidez financeira – afirma.

Pesquise:

Antes de contratar o financiamento, pesquise as opções disponíveis em diferentes instituições financeiras e faça simulações. Compare taxas de juros, encargos embutidos, prazo de pagamento e total a pagar no fim das contas, além do valor das parcelas, para entender se ela cabe no orçamento mensal.

As informações são do Extra.

https://18horas.com.br

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