A reunião com dinâmica golpista que embasou a operação da Polícia Federal contra Bolsonaro e seus aliados contou com a participação dos militares que chefiavam o Exército e a Aeronáutica e com o então secretário-geral da Marinha, cargo de destaque no Almirantado.
Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica, e Marcelo Francisco Campos, ex-secretário-geral da Marinha, foram ao encontro ocorrido no dia 5 de julho de 2022. Todos estavam à frente dos cargos, na ocasião.
A presença dos três militares consta da agenda da Presidência da República divulgada naquela data. O vídeo com a íntegra da reunião foi encontrado pela PF nos arquivos do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência. É possível ver, no início da filmagem, que Freire Gomes, Baptista Júnior e Francisco Campos estão sentados entre os ministros do governo Bolsonaro.
A reunião ministerial no Palácio do Planalto durou das 8h30 às 11h30 de 5 de julho de 2022. O então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, disse que o ministério estava em “linha de contato com o inimigo”, em referência à comissão eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral.
O general Augusto Heleno, que chefiava o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e tinha sob o ministério a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), disse que se “tiver que virar a mesa é antes das eleições”, e que era preciso agir “contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas”.
Bolsonaro endossou o argumento de Heleno e afirmou: “Nós não podemos deixar chegar as eleições e acontecer o que está pintado. Vocês estão vendo agora que eu acho que chegaram à conclusão. A gente vai ter que fazer alguma coisa antes”.