Cid usou celular dos EUA para organizar golpe com militares

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Mensagens de aplicativos de celular obtidas pela Polícia Federal (PF) mostram que, em janeiro de 2023, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, usava um celular registrado nos Estados Unidos.

A prova veio de um diálogo em 12 de janeiro do ano passado, dois dias após investigadores encontrarem, em endereço do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, uma minuta de decreto presidencial com instruções para um eventual golpe de Estado.

A apreensão desses papéis deixou o entorno de Bolsonaro em polvorosa. “A apreensão de uma minuta de golpe de Estado acarretou intensa comunicação entre parte dos investigados em tom de preocupação, contexto que ratifica o conhecimento deles sobre a existência e o conteúdo do documento”, afirma o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, autor das ordens da operação de hoje, que cumpriu quatro mandados de prisão e 33 de busca e apreensão contra políticos e militares suspeitos de planejar um suposto golpe de Estado para manter o ex-presidente Bolsonaro no poder.

Na ocasião, Filipe Martins, ex-assessor de assuntos internacionais na gestão de Bolsonaro — e preso nesta quinta-feira (8/2) —, recebeu de Cid, às 16h42, um link com a notícia da apreensão do documento. Em resposta, Filipe manda uma série de mensagens, apagadas tão rapidamente que Cid, momentos depois, diz que nem teve tempo de ler.

Foi aí que o ex-assessor preso hoje pergunta: “Foi você que me mandou mensagem de um número americano?”. O ex-ajudante de ordens do ex-presidente de ordens de Bolsonaro, então, atesta que sim.

Conexão EUA

São vários os elos de Mauro Cid com os Estados Unidos. O pai, Mauro Lourena Cid, foi nomeado por Bolsonaro para comandar o escritório em Miami da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).

Já um irmão de Cid, Daniel, vive na Califórnia e foi flagrado ajudando a inflar o discurso de que as eleições no Brasil seriam fraudáveis. Foi ele que, segundo a PF, usou um site de pouca rastreabilidade para botar na internet um inquérito sigiloso, que, numa leitura distorcida e parcial, daria a entender que haveria falhas no funcionamento do sistema eleitoral.

O link colocado no ar pelo irmão de Mauro Cid foi impulsionado nas redes sociais pelo próprio Bolsonaro. Como publicado pelo Metrópoles, a PF investiga transações financeiras da família Cid no exterior, onde Daniel, um programador de internet renomado, tem patrimônio milionário.

https:metropoles

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