Conhecida como Clarinha, a mulher que viveu por 24 anos em coma no Hospital da Polícia Militar (HPM), em Vitória (ES), morreu na noite dessa quinta-feira (14/3). A informação é do coronel Jorge Potratz, médico que cuidou da paciente durante todo o período de internação.
De acordo com o médico, Clarinha passou mal na manhã dessa quinta, quando teve um quadro de broncoaspiração, e não resistiu. O caso dela ganhou repercussão em 2016, após reportagem exibida pelo Fantástico. Internada desde o ano 2000, nenhum parente ou amigo a visitou em todos esses anos.
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Paciente misteriosa
Clarinha foi o nome dado à paciente pela equipe médica. Ela foi atropelada em 12 de junho de 2000 no Centro de Vitória. O local exato do atropelamento e o veículo que atingiu a mulher nunca foram identificados, segundo a polícia. Ela foi socorrida por uma ambulância, mas não tinha documentos. Ela já chegou ao hospital desacordada.
Jorge Potratz foi quem, em 2016, escolheu o nome para a paciente que vivia em coma. Segundo o médico, o nome foi escolhido em razão do tom de pele muito claro.
Já aposentado, o médico comentou, emocionado, a morte da paciente. “É muito triste ter esse desfecho, mas temos de lembrar que Deus tem um propósito. Em um futuro vou entender tudo isso. Tentamos tornar a vida dela, que é tão difícil, com mais dignidade. É triste esse fim”, disse ele à TV Gazeta.
Sepultamento
Por não ter documentos oficiais, o corpo de Clarinha pode ser sepultado como “indigente”, após passar pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO). No entanto, a “família” formada pela equipe médica do HPM vai atuar para evitar essa situação e possibilitar um sepultamento digno a quem por anos recebeu atenção especial de todos eles.
Assim como buscaram dar uma vida digna e respeitosa a ela ao longo dos anos, agora a luta é por um enterro mais humano. Ainda não há uma definição do que será feito, mas os planos são de não deixar ela ser enterrada em um lugar qualquer.
Repercussão
Após a exibição da situação de Clarinha no Fantástico, da TV Globo, em 2016, mais de 100 famílias procuraram o Ministério Público para identificar a mulher como possível parente desaparecida. Desse total, 22 casos chamaram mais a atenção, pelas fotos ou pela similaridade dos dados próximos ao perfil da mulher internada.
Segundo o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), depois de uma triagem mais detalhada, quatro casos foram descartados devido à incompatibilidade de informações ou pelo fato de as pessoas procuradas terem sido encontradas.
O Ministério Público dividiu as 18 pessoas restantes em dois grupos para a realização dos exames de DNA. No entanto, os resultados mostraram-se incompatíveis para traços familiares.