CNU: adiamento atrasa calendário, mas governo quer provas em 2024

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O governo Lula (PT) testaria, neste domingo (5/5), a primeira edição do Concurso Nacional Unificado (CNU), apelidado de “Enem dos Concursos”, mas a prova foi adiada em função da situação do Rio Grande do Sul (RS), fortemente afetado pelas chuvas nos últimos dias. Segundo fontes do governo, o concurso será aplicado ainda em 2024, mas todo o calendário de contratação de novos servidores sofrerá impacto.

Com 2,1 milhões de inscritos, este é o maior certame público já realizado no país. Modelo novo de seleção pública, inspirado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o concurso vai selecionar, de uma só vez, 6.640 profissionais para ocupar cargos em 21 órgãos públicos federais.

A etapa de convocação para posse e realização de cursos de formação começaria em 5 de agosto, mas o cronograma deverá sofrer alterações com a nova data, que será anunciada “assim que houver condições climáticas e logísticas de aplicação da prova em todo o território nacional”, segundo o governo.

“De fato, a autorização do concurso no ano passado era justamente para cobrir a falta de pessoal que ocorre ainda em vários órgãos. A gente não tem noção do quanto se vá adiar [as contratações], porque depende de quando será a realização da prova”, admitiu a ministra da Gestão, Esther Dweck, em entrevista coletiva na sexta-feira (3/5).

Segundo ela, o adiamento será “muito pequeno” diante da segurança de todo o processo e da integridade dos candidatos. Ela afirmou que todos os ministérios que têm vagas em aberto estão cientes do impacto, mas os ministros das pastas concordaram que ele é pequeno diante da situação atual.

A ideia, inclusive, é manter as mesmas provas, que já haviam sido distribuídas a 65% dos 228 municípios até sexta-feira. Diferentemente do Enem, que já é aplicado há mais de 20 anos, o CNU não conta com um banco de questões.


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Sob coordenação do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), o CNU é uma das principais apostas da administração da ministra Dweck, que defende que o modelo garante a democratização no acesso ao serviço público, ao ter previsão de aplicação em mais de duas centenas municípios do país, contemplando todas as 27 unidades da Federação.

 

Caso bem-sucedido, o governo previa a repetição do modelo, com realização de, pelo menos, mais uma edição do certame unificado até o fim do atual mandato do presidente Lula. Agora, há quem se preocupe com um possível arranhão na credibilidade do modelo.

Imprevistos

Antes do estado de calamidade pública no RS, o show da cantora pop Madonna, realizado neste sábado (4/5) na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, já havia sido encarado pela organização do concurso como um imprevisto, mas contornável.

O anúncio da data de apresentação da rainha do pop, na véspera do certame, preocupou Dweck. “Eu falei: ‘Meu Deus do céu’”, contou, aos risos, a ministra ao Valor Econômico, quando comentou sua reação ao receber a notícia. Ela considerou que um espetáculo desse porte poderia criar transtornos para os milhares de inscritos no Rio de Janeiro para o CNU.

Alguns candidatos manifestaram interesse em mudar o local de prova para poder conciliar o CNHU com a apresentação da rainha do pop, mas a alteração não foi possível. O ministério considerou que, como seria realizado na véspera, o show não causaria maiores transtornos.

Uma segunda edição do CNU ainda dependerá de autorização para abertura de novas vagas, em um momento em que a equipe econômica aperta os cintos para cumprir as metas fiscais.

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