Um dos conselheiros independentes da Vale, José Luciano Penido, renunciou ao cargo na segunda-feira (11/3), em meio a fortes críticas contra o comando da empresa. Em carta ao presidente do Conselho de Administração da mineradora, Daniel Stieler, Penido afirma que o processo sucessório de escolha do CEO vem sendo “conduzido de forma manipulada, não atende ao melhor interesse da empresa, e sofre evidente e nefasta influência política”.
Penido foi um dos votos contrários à decisão de estender por seis meses o mandato do atual presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo. Ele também não concordou com que a escolha do novo CEO seja feita a partir de uma lista tríplice, apresentada por uma consultoria.
“No conselho se formou uma maioria cimentada por interesses específicos de alguns acionistas lá representados, por alguns com agendas bastante pessoais e por outros com evidentes conflitos de interesse” , acrescentou Penido no texto. “O processo tem sido operado por frequentes, detalhados e tendenciosos vazamentos à imprensa, em claro descompromisso com a confidencialidade.”
O conselheiro acrescentou: “Não acredito mais na honestidade de propósitos de acionistas relevantes da empresa no objetivo de elevar a governança corporativa da Vale a padrão internacional de uma corporation (empresa sem um controlador específico). Neste contexto, minha atuação como conselheiro independente se torna totalmente ineficaz, desagradável e frustrante”.
No documento, Penido observa que foi eleito para o Conselho de Administração da Vale em Assembleia Geral de Acionistas, com mandato de maio de 2023 a abril de 2025. Ele deixou o posto, portanto, mais de um ano antes do término do prazo.