Desde que foi implementada a Lei do feminicídio no Brasil, em 2015, foram registrados 187 casos no Distrito Federal. Desses, três criminosos conseguiram escapar e integram a lista de foragidos do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
Os crimes a qual eles respondem foram cometidos em 2016, 2017 e 2022. Sem respostas, familiares aguardam anos para que os assassinos de filhas, mães, irmãs e amigas sejam penalizados pelos crimes.
O caso mais recente é o que Gustavo Brito de Carvalho, acusado de esfaquear Priscila Teixeira, 33, dentro da casa da vítima.
Priscila e Gabriel
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Eles eram namorados havia pelo menos seis meses e moravam juntos há três. O corpo de Priscila foi encontrado pela mãe dela dois dias após o crime. Márcia Pereira de Oliveira, 62, contou ao Metrópoles que tentou entrar em contato com a filha, mas não teve respostas. Receosa de que algo pudesse ter acontecido, ela entrou na casa e encontrou o corpo ensanguentado na cozinha.
Em novembro de 2016, Maurício de Jesus Santos teria discutido com a companheira Elisângela. De acordo com o processo ao qual responde na Justiça, ela teria reclamado de que ele quebrou objetos em casa.
Com ódio, o homem foi atrás de Elisângela, despejou líquido inflamável e ateou fogo. Uma testemunha tentou socorrer a vítima, mas ele também ateou fogo. O homem está foragido desde então.
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Dos feminicidas, o único foragido que está condenado é Renilson Souza dos Santos, com uma pena de mais de 20 anos de prisão, em regime fechado. O crime ocorreu em janeiro de 2017.
Renilson é acusado de matar Pauliane Alves de Santana a facadas na frente da filha de 1 ano.
A lista apresenta ainda Maurozam Batista de Sousa, que apesar de ter matado a companheira em situação de violência doméstica, responde apenas por homicídio. É que o crime ocorreu em 2009 e na época não havia a tipificação para feminicídio. O homem é procurado há 15 anos.
Responsável pela lista de foragidos, o promotor de Justiça e coordenador do Núcleo do Tribunal do Júri e de Defesa da Vida do MPDFT, Raoni Parreira Maciel, destacou que esses homens estão impunes ainda. “Mas a denúncia foi oferecida, e há mandado de prisão contra eles. Até que sejam encontrados, a prescrição está suspensa, e tão logo sejam presos, serão devidamente processados e, ao final, condenados.”
A lista do ministério público divulga as pessoas que respondem ou foram condenadas por crimes com intenção de matar e que não foram localizadas.
“Todos os crimes são graves, porém o crime contra a vida é o crime capital. Quem tira uma vida, interrompe projetos, sonhos. Rouba da vítima e de sua família tudo o que construíram e ainda iam construir. Por isso a opção por focar nesses crimes, no momento”, explicou o promotor sobre o fato de só haver crimes contra a vida na lista.
Quem tiver informação pode denunciar pelos telefones 0800 644 9500 ou 127 (ligação gratuita), em dias úteis, de 2ª a 6ª, das 12h às 18h. O sigilo é garantido. Também é possível entrar em contato com ministério público pelo (61) 99283-1168 (WhatsApp) e pelo site.
Maioria dos criminosos está presa
De acordo com os dados Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social do Distrito Federal (SSP-DF), em 75% dos casos, os autores estão presos, que corresponde a 136 autores atrás das grades.
Em 14% dos casos os criminosos cometeram suicídio após assassinar a companheira, o número é equivalente a 26 assassinos. O painel não apresenta o que aconteceu com os demais 10%, referente a 25 pessoas.
Outros foragidos da lista
Além dos casos citados, a lista apresenta quatro homicidas foragidos. Apelidado de “Zói”, Emerson Alves Pinheiro foi condenado a 17 anos de prisão pelo crime em Santa Maria. Outro foragido é Francielson da Silva Santos, apelidado de Neném, acusado de homicídio de qualificado em Taguatinga.
Thayane Gabrielle Freitas Barreira foi condenada a pena de 29 anos de reclusão pela prática de homicídio e por porte ilegal de arma de fogo na região de Samambaia.
O último foragido da lista é Wenir Marcos Matos Teles, condenado a mais de 23 anos por crimes sexuais cometidos em Brazlândia.
Três feminicídios em 7 dias
Em sete dias, o Distrito Federal registrou três casos de feminicídio. A última vítima é Antônia Maria da Silva. Ela foi morta na última quarta-feira (17/1), na quitinete onde morava com o filho, de 3 anos, e o companheiro, Francisco Farias da Silva, 46 anos, suspeito de cometer o crime.
A vítima recebeu ao menos duas facadas: uma no pescoço e outra no peito. O acusado tentou tirar a própria vida, com uma facada no peito, mas foi socorrido e levado, em estado grave, para o Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF).
Em 10 de janeiro, Tainara Kellen Mesquita da Silva foi assassinada com pelo menos seis tiros também na frente da própria filha, de 5 anos. O crime ocorreu no Setor Leste do Gama, próximo ao salão onde a vítima trabalhava.
O autor do feminicídio é o ex-marido, Wesly Denny da Silva Melo, 29. O homem tem 11 passagens pela polícia e é Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC). Um amigo dele contou que o suspeito guardava em casa um rifle e quatro pistolas. Ele foi preso.
Na última segunda-feira (15/1), Diana Faria Lima foi morta aos 37 anos, após ter a traqueia esmagada pelo próprio companheiro.
O suspeito de cometer o crime, identificado como Kelsen Oliveira Macedo, 42 anos, agrediu a mulher com diversos socos. Após ela ficar desacordada, o suspeito chamou os bombeiros, que questionaram o que havia ocorrido. Ele disse aos militares que a mulher teria caído no banheiro. Confrontado, ele fugiu.