O hacker Walter Delgatti declarou, em depoimento à CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal, que foi “cooptado” pela ex-presidente Jair Bolsonaro e pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para executar um plano com o objetivo de desacreditar as urnas eletrônicas. Preso na penitenciária de Araraquara, no interior de São Paulo, Delgatti falou aos deputados distritais por meio de videoconferência.
Na sessão desta quinta-feira,14/09, o chamado “hacker da Vaza Jato” trouxe uma nova acusação contra a deputada do PL. Segundo ele, Carla lhe ligou no segundo turno das eleições para que ele tentasse derrubar o sistema do TSE durante a contagem dos votos.
— No segundo turno, a Carla me ligou também. E me perguntou se eu conseguiria fazer um ataque de DDoS, que derrubasse o sistema que enviava os votos naquele dia. Porque, em 2020, teve um apagão e essa seria uma desculpa que eles poderiam utilizar — explicou Delgatti, que acrescentou:
— Eu falei que em cima da hora, eu não podia, porque não tinha as máquinas, as ferramentas.
Durante o depoimento, o hacker da Vaza Jato repetiu a versão que deu na CPMI do Congresso Nacional de que foi “contratado” por Zambelli para invadir o sistema do CNJ e inserir um mandado falso de prisão contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Ele está preso pela Polícia Federal em razão deste crime. Segundo Delgatti, a parlamentar Carla Zambelli lhe pagou R$ 3 mil pelos serviços e lhe prometeu um emprego.
— Fui cooptado pela deputada Carla Zambelli onde recebi uma proposta para cometer irregularidades. Fui cooptado pelo ex-presidente em proposta semelhante à da Carla Zambelli. Confessei a invasão ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e também ao Telegram, fiz prova contra mim mesmo e os demais envolvidos. Pergunto aos senhores: quem está preso? — afirmou o chamado “hacker da Vaza Jato” no início da sessão.
A deputada já negou anteriormente ter feito a encomenda: — Eu gastaria R$ 3 mil para participar de uma brincadeira de mau gosto? Isso do CNJ é uma brincadeira de mau gosto. Eu não gastaria dinheiro para fazer uma brincadeira de mau gosto com o Moraes. Eu sou uma deputada séria , que sabe o que é certo e o que é errado — disse ela, que admitiu ter trazido Delgatti a Brasília para uma reunião no PL.
Além da invasão ao banco de dados de mandados de prisão, Delgatti afirmou que foi acionado para participar de uma encenação em que, a partir de um código fonte, ele conseguiria manipular os votos de uma urna eletrônica conectada à internet.
— Eles queriam que o povo visse o voto sendo alterado. Mas não consegui [fazer isso], porque eles não conseguiram uma urna — disse o hacker.