A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner acusou o atual presidente do país, Javier Milei, de submeter o povo a um “sacrifício inútil” em busca de um déficit fiscal zero. A afirmação foi feita no sábado (27/4), durante discurso na inauguração de um pequeno estádio em Quilmes, nos arredores de Buenos Aires, que leva o nome de seu falecido marido, o ex-presidente Néstor Kirchner.
Cristina, que governou o país entre 2007 e 2015 – e foi vice-presidente de Alberto Fernández, de 2019 a 2023 –, reapareceu no cenário político em um comício lotado. “Ouvi o presidente (Milei) na televisão nacional e decidi vir aqui para refletir sobre este momento particular que a Argentina está vivendo, sobre o projeto anarcocapitalista e o sacrifício inútil ao qual nosso povo está sendo submetido”, afirmou.
Na segunda-feira (22/4), Milei comemorou como o fato de o país ter registrado o primeiro superávit financeiro desde 2008, primeiro ano do governo de Cristina, sua principal rival política. A ex-presidente, no entanto, retrucou afirmando que o saldo positivo das contas públicas “não tem fundamento”.
“Sessenta por cento podem ter votado em você, mas se, quando você está no governo, as pessoas passam fome, perdem o emprego, não conseguem pagar as contas, qual é o objetivo?”, disse, referindo-se à porcentagem com a qual o atual presidente foi eleito em 2023.
Medidas duras
As medidas econômicas adotadas por Milei incluem a paralisação de obras públicas, demissões de funcionários, fechamento de escritórios do governo, cortes nos subsídios, aumentos de tarifas e o congelamento de orçamentos. A inflação da Argentina está em 290% ao ano e a pobreza alcança metade da população. O atual presidente previu que serão necessários dois anos de sacrifício antes de reativar a economia.
Resposta rápida
E Milei foi rápido ao responder. “As pessoas estão passando fome porque durante décadas você defendeu um modelo que se baseava em gastar sem limites e falsificar dinheiro para tapar o buraco. O resultado é um país que está destruído”, escreveu o presidente no X, o antigo Twitter.
“O resultado é um país destruído com 60% de pessoas pobres. De que serve o que estamos fazendo? Serve para reconstruir o país que vocês destruíram? VLLC… !!!!”, disse, acrescentando as iniciais de seu slogan “Viva La Libertad Carajo”.