Produtores rurais do Distrito Federal têm investido na produção de frutas como mirtilo, framboesa e açaí, como forma de impulsionar a renda, desenvolver o turismo rural, além de agregar boas oportunidades ao mercado de fruticultura na capital do país e no Entorno.
Desde novembro de 2022, o produtor rural Vinicius Silva de Freitas, 52 anos, decidiu cultivar em Taguatinga Norte o mirtilo, também conhecido como blueberry.
“São mais de 2 mil mudas da variedade Emerald. E vou plantar mais 4 mil. Minha ideia é triplicar a produção; atualmente, são cerca de 70 quilos por semana”, conta o produtor.
A fruta típica da América do Norte e de regiões frias tem ganhado espaço na gastronomia e nos lares brasilienses, assim como dado bom retorno financeiro aos agricultores.
O pacote com 125 gramas sai da propriedade a R$ 5 para revenda. Vinicius foca na comercialização direta do produto in natura, mas também vende o fruto congelado e produz geleias com e sem açúcar.
“Pretendo começar o projeto da visita com colheita, para que as pessoas consigam comer o fruto diretamente do pé. Escolhemos o mirtilo por ser uma fruta de grande potencial para a saúde. Queremos torná-lo conhecido no Distrito Federal. É uma fruta riquíssima em compostos antioxidantes e fibras que ajudam a reduzir os níveis de colesterol e triglicerídeos no sangue, diminuindo o risco de doenças cardiovasculares”, destaca.
Açaí
Quem pensa que açaí não dá no Cerrado se engana. Vinicius mostra que também é possível cultivar um dos frutos mais tradicionais da região Norte no Centro-Oeste.
“Temos 450 mudas de açaí plantadas, da variedade BRS Pai d’Égua. Demoram cerca de três anos e meio para dar frutos. Como tenho uma área de preservação, meu objetivo é não prejudicá-la e ainda revender, para ter retorno financeiro. A expectativa de produção é de 8 mil frutas por mês”, calcula.
Confira imagens da produção:
Produção de Mirtilo Taguatinga
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Morango e framboesa
Ledir Cecília Klein, 61, é natural do Rio Grande do Sul e considera que voltou às origens ao resolver se mudar para o Distrito Federal. Quando chegou à capital do país, em 2022, começou a produzir morango e, posteriormente, investiu na produção de framboesa para fabricação de produtos com a fruta.
“Minha renda, hoje, vem 100% da produção rural. Além da fruta in natura, produzimos o frambolate, que é a framboesa banhada nos chocolates branco e preto. Também fazemos geleias”, diz Ledir Cecília.
Produção de Framboesa Lago Oeste
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O cultivo ocorre na propriedade rural Flor do Cerrado, no Lago Oeste. Do plantio até a colheita, o tempo estimado de desenvolvimento dos frutos é de três meses. Por semana, Ledir Cecília colhe cerca de 4 mil framboesas.
“Tenho feito manejo rotativo para ter fruto o ano inteiro. Não me interesso em volume de uma única vez. Prefiro ter colheita de qualidade, com menos frutas, mas o ano inteiro. Tenho clientes de confeitaria fixos que confiam em minha produtividade”, afirma.
Aproximadamente 100g de framboesa fresca custam R$ 18. “É um mercado bastante interessante. Vamos, aos pouquinhos, conquistando espaço. O valor do investimento é alto, mas se paga em médio prazo”, acrescenta.
Rota das Frutas
O programa Rota da Fruticultura reúne a capital do país mais 33 municípios goianos e mineiros da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride-DF).
O programa é uma ação do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MDR), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural do Distrito Federal (Seagri) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF) junto a órgãos parceiros, associações e entidades locais.
O objetivo da iniciativa é elaborar estratégias para aumentar a produção e o fornecimento de frutas para mercados internos e externos, gerar emprego e renda na região, promover o intercâmbio de experiências e tecnologias, diversificar e iniciar novas culturas, além de fomentar e motivar novos agricultores na produção de frutas no DF e no Entorno.
Coordenador da Rota das Frutas do Distrito Federal e assessor especial da Seagri, Frederico Calazans lembra que produtores cadastrados no programam recebem orientações técnicas durante todo o processo de produção.
“Quem tiver interesse em participar da Rota das Frutas pode procurar a Emater, que é parceira de primeira ordem. Temos levado os técnicos e extensionistas da empresa [de assistência técnica] para capacitações em outros estados – e até ao Peru, quando se trata do mirtilo – para a qualificação”, destaca Frederico.
O coordenador detalha que cerca de 55 produtores do DF receberam mudas de açaí do projeto e têm uma área plantada de 51 hectares – equivalentes a, aproximadamente, 71 campos de futebol. Outros 250 agricultores receberam mudas de mirtilo.
“Incentivamos que os produtores estejam reunidos em associações, de preferência em um sistema cooperativo, para que possam desenvolver formas de comercializar os frutos com rentabilidade maior”, orienta.
Atualmente, há apenas quatro produtores de framboesa no DF. “Em 2022, a demanda na capital federal foi de cerca de 20 toneladas, e menos de 10% do fruto é produzido aqui. Há uma perspectiva muito boa para que cresça o plantio dela, e também da amora, nos próximos anos. Seremos, em breve, um polo nacional das frutas vermelhas”, acredita o coordenador.