De tédio a gente não morre

FAMOSOS


Litros de café ou de cerveja, para um domingo de FlaxFlu. Estar desperto adquiriu um sentido extracampo: Bastava um empate ou perder por um gol e estaria resolvido o campeonato. Adrenalina positiva pelo brio da vitória na raça. E outra, pelo pânico da desgraça programada sob o requinte do adversário que acabou num domingo de páscoa, dando um chocolate de presente aos rubros negros.


A semana beirou o insólito com massacre em uma creche em Blumenau com requintes de sadismo. A que ponto cínico chegamos. Cem dias de governo e haja discussão. Fidel devia estar eufórico com a incoerência dos tais detentores do ‘‘sufrágio universal’’: na ilha querem eleição, pois o voto seria um artifício para quebrar a coesão da ‘‘ditadura cubana’’; no Brasil, querem pressionar o resultado das eleições pela simples possibilidade de um Lula, a cada dia mais prudente, ameaçar ‘‘fundamentos econômicos’’. E nós, militantes dos anos 60 — os que amavam tanto a revolução —, percebemos muito mais a distância entre mudança legítima, pela vontade popular expressa no voto, e a virada na marra. Acreditamos em ‘‘massas organizadas’’, mas eles as classificam como ‘‘segmentos de mercado’’, ‘‘audiência qualificada’’, ou ainda ‘‘público-alvo’’.


A faixa cidadão é a única possível para ultrapassar essa lama pré-fabricada nos gabinetes do esterco refrigerado dos poderosos na Europa e EUA. A revolução da cidadania se antecipa às românticas tomadas bruscas de poder nesse quadro de economias entrelaçadas com inúmeras munições para desmanches desestabilizadores. Dispostos a usar essa pressão humilhante sobre países emergentes que desejam escolher, votar e mudar. Parecia simples. Mas, agora, soa como farsa crer na liberdade de conveniências, só permitida se obedecer para manter o idêntico. O que fazer? Os fatores não são assim tão subjetivos. O pior são os próprios brasileiros que acreditam em auto-salvação, mesmo que a nação seja destruída. E aí não há gol espírita de Ronaldinho que nos redima. Bolsonaro voltou e com ele todo o nosso receio. Cem dias completados de governo e já respiramos mais liberdade e prevemos rumos mais coerentes. Mas uma coisa é certa, de tédio não morreremos.




 

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