“Após a pandemia ocorreu um esfriamento nas relações humanas devido à distância e, principalmente, a uma ansiedade acompanhada de irritabilidade que aflorou no comportamento dos profissionais”, disse ele.
O especialista avalia que houve um aumento da insubordinação, desrespeito a pessoas e processos, discussões com colegas e até vídeos com falas e desabafos contra as empresas, fatores que levam a demissões por justa causa.
Há 10 anos, as práticas dos profissionais causaram um cenário semelhante, segundo Mairesse. “Não tivemos um fator agravante como a pandemia, por exemplo, mas existia um clima político no Brasil que contribuiu para aflorar os ânimos”, disse ele.
Alessandra Souza Menezes, membro da Comissão de Direito do Trabalho da OAB/SP, explica em quais situações a demissão por justa causa pode acontecer:
Furto ou desvio de dinheiro;
Formas de assédio, molestamento, atitudes grosseiras ou inadequadas à política da empresa;
Negociações no ambiente de trabalho que atrapalhem o rendimento do empregado — como um(a) vendedor(a) de produtos — ou externa ao ambiente de trabalho caracterizado por atos de concorrência;
Condenação criminal julgada;
Baixo rendimento, excesso de faltas, atraso, falta de empenho e outras ações similares;
Embriaguez habitual ou em serviço, quando não entendida como doença;
Violação de segredo na empresa;
Indisciplina ou insubordinação;
Abandono do emprego com faltas injustificadas durante 30 dias consecutivos.
Ronan Mairesse atribui o aumento das demissões a uma falta de produtividade ou compromisso das pessoas na empresa, que se encontram “mais sensíveis emocionalmente”, e acabam por trocar de emprego mais frequentemente.
É nesse cenário que o termo “quite quitting” surgiu e tem estado em alta nas rodas de conversa sobre o mercado de trabalho.
Trata-se de uma “demissão silenciosa” ou “renúncia silenciosa”, à medida que o trabalhador se restringe a fazer suas atividades sem propor mais do que se espera.
Esse movimento costuma ser relacionado à geração Z, pessoas nascidas entre 1996 e 2010 e que, geralmente, possuem outra perspectiva sobre trabalho e qualidade de vida.
Ainda segundo o especialista, a expectativa é que o índice de demissões por justa causa tenha uma queda até novembro e volte a subir no período de dezembro a janeiro.
As informações são da CNN.