Não é fácil levar um set de filmagens para o meio dos Andes no inverno, carregando câmeras e equipamentos em meio à uma vasta quantidade de neve. Porém, para o diretor espanhol Juan Antonio Bayona, de A Sociedade da Neve (2023), esta visita era fundamental.
“É um lugar muito difícil de acessar e também perigoso”, afirma ele, em entrevista exclusiva ao Metrópoles. “Mas estar lá me ajudou muito a entender o quanto foi realmente épico, o tamanho do que eles fizeram .Ficar 72 dias naquelas condições”, conta.
A Sociedade da Neve vem ganhando repercussão desde que estreou no Festival de Veneza, em setembro. Em janeiro, o longa foi adicionado ao catálogo da Netflix e se tornou um dos filmes mais assistidos da plataforma de streaming. Para completar, a obra foi recentemente indicada ao Oscar de Melhor Filme Internacional, o que aumentou o interesse pela produção.
O filme de Bayona conta a história real de um grupo de atletas uruguaios de rugby, que sobreviveu a um acidente de avião em 1972. O avião caiu na fronteira da Argentina com o Chile, em meio às montanhas do Vale das Lágrimas. Dezesseis pessoas sobreviveram à queda, mas tiveram de viver mais de dois meses isoladas entre as montanhas.
O caso se tornou emblemático por, ao viver a fome extrema, os sobreviventes se viram obrigados a comer parte dos corpos dos passageiros que morreram na queda da aeronave. “É um tema duro, mas que não poderia ser contado sem um respeito às questões filosóficas e os debates espirituais que eles enfrentaram”, diz Bayona.
A Sociedade da Neve
A Sociedade da Neve 2
A Sociedade da Neve
0
“A Sociedade da Neve conciliou as famílias”
A história do filme já havia sido contada em produções anteriores, como Vivos (1993), mas havia um mal-estar entre estas produções mais antigas e as famílias dos sobreviventes e dos falecidos no acidente.
“A Sociedade da Neve serviu para a conciliação das famílias dos falecidos com os sobreviventes”, defende o diretor, que antes da estreia do filme o exibiu para 15 dos sobreviventes. “Ao mostrar sem maquiagem a crueza das condições em que eles viviam, a gente conseguiu fazer com que todos os pontos de vista fossem mais compreendidos”, conta.
O espanhol também é diretor de O Impossível (2012) e Sete Minutos Depois da Meia-Noite (2016). Na entrevista completa, o diretor fala, ainda, sobre uma experiência de retratar uma “esfera metafísica” ao redor de A Sociedade da Neve, sobre a emoção de ser indicado ao Oscar e mais.
Confira: