O senador Marcos do Val, do Podemos do Espírito Santo, tem direcionado verba da cota parlamentar para um site de viés bolsonarista e que publica artigos elogiosos à sua atuação no Congresso. Do Val repassa uma quantia mensal para o portal desde fevereiro de 2023.
Ao todo, Do Val gastou R$ 18.000 com a Direta Consultoria e Publicidade Eireli, nome verdadeiro do site Jornal Opinião ES, criado em julho de 2020 e situado em Cachoeiro de Itapemerim. O repasse dos recursos públicos é descrito como “contratação de serviços de apoio ao parlamentar”.
As notas fiscais enviadas ao Senado para justificar o reembolso do dinheiro apontam que a empresa faz “assessoria e trabalhos técnicos e de apoio ao exercício do mandato parlamentar”. O dono do site, Alan Fardin Simonato, é identificado no portal como editor-chefe e jornalista.
Entre as últimas publicações de Simonato está um texto intitulado: “Como um ‘bom nazista’, Lula ataca os judeus e o Estado de Israel”. Em outro, ele escreveu que a Rede Globo “militou” ao informar que havia menos de 750 mil pessoas na manifestação de Bolsonaro, na Avenida Paulista, e sugeriu que o jornalismo do grupo midiático “se assemelha mais a uma assessoria de imprensa de uma ditadura”.
Para além dos textos com viés bolsonarista, chama a atenção que Simonato dedica espaço no site para elogiar Do Val, investigado no STF por obstruir apurações sobre os atos golpistas do 8 de Janeiro.
Um dos textos fala do “papel decisivo” de Do Val para desvendar “a verdade por trás dos ataques do 8 de Janeiro”. O articulista também publicou que o senador “lidera o avanço no combate à corrupção” e destacou o repasse de emendas de Do Val para o Espírito Santo.
Simonato também escreveu sobre senadores que questionaram “excessos do STF” em relação a Do Val e sobre a parceria entre o parlamentar e a família Bolsonaro.
A assessoria de Do Val declarou que firmou o contrato “para a realização de trabalhos técnicos especializados de apoio ao parlamentar no Espírito Santo, especialmente no interior do sul do estado”. O gabinete disse que o “contrato é no valor de R$ 1.500 mensais, o que reflete a política de austeridade, economia e cuidado com os recursos públicos”.
A coluna pediu para Do Val enviar os documentos que comprovam a prestação de serviços técnicos pela empresa, mas não obteve retorno.