Protagonista de um avanço de mais de 800% em seu patrimônio declarado publicamente entre as eleições de 2006 e 2014, como mostrou a coluna, o ex-deputado estadual fluminense e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCERJ) Domingos Brazão ocultou da Justiça Eleitoral parte de sua riqueza.
Chefe de um poderoso clã político do Rio e citado no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco, Brazão é o protagonista de um capítulo do livro “Os ben$ que os políticos fazem”, do jornalista Chico de Gois, publicado pela Leya em 2013.
O autor da obra apurou que, somente em relação uma das empresas de Brazão, a Super Plan Administração de Bens Imóveis e Participações, o ex-deputado declarou à Justiça Eleitoral na eleição de 2010 ser dono de um valor correspondente a apenas 0,8% do registrado na Junta Comercial do Rio de Janeiro.
Ao apresentar sua candidatura naquele ano, Brazão informou ser dono de 90% das cotas da empresa, avaliadas em R$ 45.000. Àquela altura, no entanto, dados da Junta Comercial mostravam que a parte dele pelos mesmos 90% da companhia correspondia, na realidade, a R$ 5,4 milhões. A mulher de Brazão, Alice Kroff Brazão, possuía R$ 600 mil no capital da empresa.
Na mesma eleição, também não procediam os R$ 65 mil informados pelo então deputado como 50% de um posto de gasolina no Rio. A participação de Brazão no negócio, segundo o livro, era de R$ 105 mil.
Os dois casos apontados por Chico de Gois elevariam o patrimônio de Brazão, declarado à Justiça Eleitoral em 2010 como sendo de R$ 5 milhões, para mais de R$ 10,5 milhões.
Na eleição de 2014, quando o patrimônio apresentado ao TSE foi de R$ 11,4 milhões, o ex-deputado informou que suas cotas na Super Plan totalizavam R$ 3,46 milhões, valor ainda abaixo do observado nos registros da Junta Comercial em 2010. Ele se desfez da participação no posto de gasolina em 2012.
O livro de Chico de Gois mostrou que, entre 2002 e 2010, Domingos Brazão enriqueceu mais de 2.300%.