São Paulo — O empresário e cantor de pagode Vagner Borges Dias, conhecido como Latrell Brito, e o advogado Dário Reisinger Ferreira não foram localizados durante a operação deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo, nessa terça-feira (16/4), contra fraudes em contratos públicos com envolvimento do PCC e são considerados foragidos da Justiça. Ao todo, foram expedidos 15 mandados de prisão temporária, mas apenas 13 foram cumpridos.
De acordo com as investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), empresas ligadas a Latrell fecharam diversos contratos com prefeituras, câmaras municipais e governo estadual, por meio do pagamento de propina a autoridades e da simulação de concorrências em licitações. O empresário é apontado como um dos principais integrantes do esquema.
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Dário, advogado de outros alvos, é acusado de favorecer as empresas do grupo criminoso, ajudando a simular a competição entre empresas nos certames vencidos. Ele também é presidente do União Brasil em Suzano.
Durante a operação, também foram cumpridos 42 mandados de busca e apreensão. Seis deles em endereços ligados a Latrell Brito, em Mogi das Cruzes, Suzano e Guarulhos. Um mandado de busca e apreensão também foi cumprido em um endereço ligado a Dário.
Três vereadores de diferentes cidades do estado de São Paulo foram presos: Ricardo Queixão (PSD), de Cubatão; Flavio Batista de Souza (Podemos), de Ferraz de Vasconcelos; e Luiz Carlos Alves Dias (MDB), de Santa Isabel.
O esquema
A operação do MPSP prendeu 13 pessoas nessa terça-feira, incluindo os três vereadores. A quadrilha é suspeita de desvios em contratos que somam R$ 200 milhões.
O cartel do PCC, segundo os promotores, tinha ao menos oito empresas que simulavam a disputa dos contratos públicos de 13 cidades, com a participação de agentes públicos. Parte delas estava em nome de membros da facção ou de laranjas, que desde 2019 se associaram a empresários que forneciam serviços de limpeza e de vigilância para diversos órgãos públicos, com o intuito de desviar parte dos recursos.
O grupo formado pelas diferentes empresas agia em conjunto, como um cartel, combinando qual empresário ficaria com cada contrato nas diferentes cidades. Duas delas, contudo, haviam sido criadas apenas para perderem as licitações e impugnarem o certame caso uma empresa outsider, de fora do grupo, se classificasse com a melhor proposta.
Uma delas é a DX do Brasil, registrada em nome de Denis Rodrigo da Silva, e a outra se chama Inova Gerenciamento em Construções, que pertence a Antônio Carlos de Morais, um dos suspeitos que teve a prisão temporária decretada pela juíza Priscila Devechi Ferraz Maia, da 5ª Vara Criminal de Guarulhos, juntamente com outras 14 pessoas alvos da operação.
Latrell Brito
De acordo com as investigações do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a empresa Vagner Borges Dias ME, que pertence a Latrell Brito, teve um “aumento vultuoso” em seu ativo no período em que obteve diversos contratos, diretamente ou por meio de empresas em nome de funcionários de Latrell.
Entre as empresas, estão a Mova Empreendimentos, registrada em nome de Joyce da Silva Caetano e Java Comercial e Serviços Eireli, registrada em nome de Wellington Costa, ambos funcionários da Vagner e alvos de mandados de prisão.
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Segundo as investigações, o grupo costumava alternar os representantes das empresas participantes dos certames. Entre eles, Márcio Zeca da Silva, o “Gordo”, apontado como integrante do PCC; Carlos Roberto Galvão Júnior, conhecido como “Juninho”; e Antonio Carlos de Morais. Todos foram alvos de mandados de prisão.
Wellington Costa, conhecido como “Bola”, é apontado como o responsável pela atuação mais contundente no pagamento de propinas a agentes públicos cooptados.