A população chilena rejeitou por 55% dos votos, neste domingo (17/12), a proposta de uma nova Constituição elaborada por um conselho constitucional formado por maioria de direita. O plebiscito representa uma derrota à oposição do presidente Gabriel Boric, após campanha da esquerda pela rejeição do texto tido como conservador.
A votação foi obrigatória. Foi a segunda tentativa do país em elaborar e aprovar uma nova Constituição, a fim de substituir o texto atual que foi elaborado pela ditadura de Augusto Pinochet. Em setembro, a população já havia rejeitado em um plebiscito a mudança na Carta Magna.
A alteração do texto é uma demanda também da esquerda, mas os documentos elaborados até então são considerados um retrocesso. Na Carta votada neste domingo, havia trechos polêmicos, como um que deixava mais dura a resposta à imigração ilegal ou outro que facilitava a declaração de estado de exceção.
Após a decisão, Boric afirmou que o seu governo não irá mais discutir uma nova constituinte. “Durante o nosso mandato, encerra-se o processo constitucional. As urgências são outras. Nosso país continuará com a Constituição vigente, porque, após duas propostas constitucionais, nenhuma delas conseguiu representar nem unir o Chile em sua bela diversidade”, disse o líder de esquerda.
O presidente ressaltou que o processo de mudança da Carta Magna “estava destinado a trazer esperança”, mas acabou gerando “frustração”. “O país ficou polarizado, dividido e, além deste resultado esmagador, o processo constituinte não conseguiu canalizar a esperança de ter uma nova Constituição escrita por todos”, frisou.